terça-feira, 20 de maio de 2008

Capitulo XIV - O Parto

Nos nossos dias, a maior parte dos bebés, no Quebeque, nascem num centro hospitalar. Todavia, desde 1993, o Ministério dos Assuntos Sociais autoriza parteiras qualificadas a proceder ao parto em casa ou bem centros reconhecidos para o efeito. Todavia, podem surgir situações de urgência: o afastamento de um centro especializado, desenrolar demasiado rápido das fases que precedem o parto ou o nascimento prematuro. Há também a possibilidade de não haver tempo para que a grávida seja deslocada até ao cuidados de saúde, caso isso aconteça o socorrista deve proceder ao parto.
O parto é um acto fisiológico natural. A maioria dos nascimentos desenrola-se normalmente e não ameaça nem a vida da mãe nem a da criança. É importante lembrar que só a mãe sabe qual será o momento exacto do nascimento, o socorrista está lá mas não lhe compete a ele acelerar ou retardar esse acontecimento. Por essa razão tem de se respeitar as fases do parto sem intervir directamente com o bebé.
Em seguida administrará os primeiros socorros ao recém-nascido. Lembremos algumas noções de anatomofisiologia que permitirão compreender melhor o processo do parto:


  • O feto desenvolve-se no útero dentro de um invólucro chamado amniótico.

  • A placenta é um órgão de cor vermelho escuro, de superfície irregular de um lado e cinzento azulado do outro. Mede 20cm de diâmetro e tem 2,5 a 5 cm de espessura.

  • O colo do útero é uma abertura que está à disposição do feto para passar pela vagina e nascer. Em seguida, ligados ao cordão umbilical, sairão o saco amniótico e a placenta.

    Corpo humano feminino

A preparação


O socorrista que toma em mãos a responsabilidade da situação deve manter a calma e tranquilizar a mãe. Às pessoas presentes pedir-lhes-á para trazerem o seguinte material:



  • Um revestimento de plástico para proteger o local (sofá, banco do automóvel etc.);

  • Um cobertor para absorver o líquido amniótico;

  • Toalhas, cobertores limpos;

  • Um cobertor limpo e quente para colocar o bebé imediatamente após ao seu nascimento;

  • Um recipiente como por exemplo um saco plástico para colocar a placenta;

  • Um atilho, uma fita para ligar o cordão umbilical;

  • Uma tesoura;

É importante lavar bem as mãos antes de iniciar e ser o mais limpo possível, tanto com o material como no arranjo do ambiente.
Se duas ou três pessoas estiverem presentes três, uma assiste o socorrista e a outra, de preferência juntamente, senta-se junto da mãe para a tranquilizar, para a encorajar e lhe dizer com frequência para respirar lentamente.
Para afastara a tensão das dores, pede-se à mãe para manter os olhos abertos, para fixar um objecto de um modo particular (ponto de concentração).
Na medida do possível, criar-se-á uma certa intimidade, afastando as pessoas não necessárias.


As fases do Parto


Primeira fase


A primeira fase inicia-se no momento da contracção e térmita quando o colo do útero fica completamente dilatado.
Uma contracção apresenta-se como uma dor no baixo-ventre ou na região lombar, que dura 45 a 60 segundos. Essa contracção é seguida de um relaxamento de 2 a 3 minutos.
Habitualmente, quando as primeiras contracções aparecem, há ainda tempo suficiente para transportar a mãe a um centro hospitalar. Essas contracções são breves e muito espaçadas. Depois intensificam-se gradualmente no tempo e em duração até à dilatação completa do colo do útero. No inicio das contracções, no decurso ou cerca do fim dessa fase, a parte inferior do saco amniótica (bolsa das águas) rompe-se, deixando correr o líquido pela vagina, cerca da 250 ml a 300 ml sob a forma de corrimento contínuo ou brusco, por vezes acompanhado de um pouco de sangue e de muco.
A pessoa que estiver perto da mãe deve tranquiliza-la entre as contracções podendo refrescá-la com um pano branco húmido.


A posição a dar a mãe:


Pede-se à mãe para tirar todas as roupas que possam prejudicar a expulsão do feto. Tapamo-la com uma túnica ampla ou com um lençol. Depois, adoptará a posição que ache mais confortável para ela. Um ou dois travesseiros ou almofadas podem ser colocados debaixo dos ombros e da cabeça. Os joelhos ficam dobrados e as pernas afastadas. A pessoa que tranquilizar a mãe pode colocar-se atrás das suas costas e mantê-la nesse disposição de expulsão.



A segunda fase


A segunda fase é a do nascimento do bebé, durando habitualmente uma hora para um primeiro bebé e 30 a 45 minutos, para os bebés seguintes.
A maior parte dos bebés apresentam um primeiro lugar a cabeça. Ocasionalmente, o bebé poderá apresentar primeiramente o rabinho ou um membro. Se for o caso, necessária e urgente a presença de um médico.
Durante esta fase, a mãe pode sentir necessidade de esvaziar os seus intestinos. Se isso acontecer, será necessário limpa-la imediatamente para proteger o bebé. Esse sinal significa que o bebé esta com dificuldades em nascer. Depois, a cabeça começa a aparecer a nível da vulva a cada contracção. Deve-se encorajar a mãe a respirar rapidamente pela boca e a dominar os esforços de expulsão para evitar uma saída demasiado rápida da cabeça do bebé.
Logo que a cabeça apareça na vulva, deve assegurar-se de que a membrana amniótica se rompe. De contrário, rasgue-a delicadamente com os dedos antes da saída do bebé e tire a membrana em frente do nariz e da boca do bebé.
Depois coloque a sua mão dominante sobre a cabeça do bebé exercendo uma pressão muito ligeira com a palma da mão. Essa manobra guia o bebé para o exterior da vagina. Duas ou três contracções podem ser necessárias para a libertação completa da cabeça, a partir do seu aparecimento na vulva. A cabeça aparece normalmente com a face virada para baixo e ligeiramente inclinada para a direita ou para a esquerda.
Uma vez saída a cabeça, encoraje a mãe nos seus esforços de expulsão. Depois, verifique se o seu cordão umbilical, que se assemelha a um a corda gelatinosa, espessa e lisa, está enrolado a volta do pescoço do bebé. Se for o caso, tente desapertá-lo delicadamente por cima da cabeça do bebé.
Em seguida, continuando sempre a segurar a cabeça, ampare o corpo, até que ele saia completamente.
Habitualmente, não se corta o cordão logo a seguir a saída da placenta. Todavia, o socorrista procede ao encerramento do cordão atando-o com uma fita limpa, a uma distância de 15 a 30 cm do abdómen do bebé.
Se os serviços de urgência não estiverem acessíveis em menos de 12 horas, o socorrista pode também considerar a possibilidade de cortar o cordão. Num primeiro tempo, atar ou laquear em dois lugares afastados de 5 a 10 cm e uma distância de 15 a 30 cm do abdómen do bebé. Depois cortar o cordão entre as duas ligaduras com uma tesoura limpa. Verifique, em seguida, se há hemorragia na extremidade do cordão atado ao bebé e exerça uma compressão local, se for caso disso.



Os primeiros socorros a administrarem a mãe


Muitas vezes, após o parto, podem surgir arrepios acompanhados de tremores incontroláveis, o que trás a mãe um certo desconforto e, por vezes, a torna apreensiva. Porém, esses sintomas desaparecem espontaneamente passados 15 minutos e não apresentam qualquer perigo. A fim de prevenir e tratar esse fenómeno, devemos tapar a mãe com um cobertor e com um lençol quente e evitar-se-ão as correntes de ar.
Após a expulsão da placenta, a mãe deve estender a pernas. Verifique se a pele do períneo está rasgada perto da vagina. Se houver feridas com hemorragia sanguínea, exerça uma compressão local e coloque uma toalha nesse lugar. Se a hemorragia for significativa, tape a mãe e continue a massajar o abdómen.
A mãe, o bebé e a placenta estão agora em condições de serem transportados para um centro hospitalar. Enquanto espera os serviços de urgência, friccione firmemente o útero com a palma da mão fazendo movimentos circulares. Esse movimento fortalecê-lo-á, diminuindo ao mesmo tempo a hemorragia.
Se a mãe manifestar desejo de alimentar o seu filho facilite-lhe a tarefa, instalando-a confortavelmente. Devemo-nos assegurar que o nariz da criança está completamente desobstruído. Ao amar o bebé estimula os seios. Esse processo provoca contracções do útero e a diminuição da hemorragia do mesmo, facilitando ao mesmo tempo o contacto da mãe e do filho.


Os primeiros socorros ao Bebé


A respiração do bebé


A pessoa que ajuda o socorrista ou a que se mantém perto da mãe deverá ocupar-se do bebé, lavando o rosto, a boca e o nariz do recém-nascido. Deve-se, portanto, vigiar particularmente para que se mantenha o nariz bem desobstruído.
Depois coloca o bebé de forma que a sua cabeça esteja mais baixa que o resto do corpo. Essa precaução vai facilitar o escorrimento do líquido ou do muco pela boca e pelo nariz e manterá as vias respiratórias libertas.
Se o bebé não respirar em menos de um minuto após o nascimento, procede imediatamente a desobstrução das vias respiratórias, dando pequenas palmadas nas cotas e recorrendo à respiração boca a boca, se for necessário.


O calor corporal do bebé


É muito importante manter o bebé num ambiente quente. Limpe-o com uma toalha ou um lençol limpo e quente, depois tape-o com um cobertor também quente.
O bebé deve ser colocado imediatamente sobre o abdómen da mãe, em posição ventral, com a cabeça inclinada para o lado e entre os dois seios.

A Terceira fase
A terceira fase vai desde o nascimento do bebé até a expulsão da placenta. Em contrapartida o socorrista pode massajar com firmeza o abdómen da mãe com a palma da mão para facilitar a expulsão da placenta.
A placenta sai habitualmente nos 20 minutos após ao parto. Se não sair, pede-se a mãe para fazer esforço como se fosse a casa de banho.
Quando a placenta tiver saído, envolva-a numa toalha limpa e guarde –a para momentos mais tarde poder –se constatar que não ficou nenhum resíduo no útero. Qualquer membrana que permaneça no útero pode causar uma hemorragia ou uma infecção.

Capitulo XIII - Diabetes

Diabetes é um grupo de doenças metabólicas caracterizadas por hiperglicémia (aumento dos níveis de glicose no sangue), resultado de deficiências na secreção de insulina, na sua acção ou em ambos.

Classificação de diabetes:

Diabetes tipo 1:


Normalmente iniciado na infância ou na adolescência, caracteriza-se por um défice de insulina, devido à destruição das células beta do pâncreas por processos auto – imunes. Só cerca de 1 em 20 pessoas diabéticas tem diabetes tipo 1, a qual se apresenta mais frequentemente entre jovens e crianças. Este tipo de diabetes é conhecido como diabetes insulina – dependente. Nela, o corpo produz pouca ou nenhuma insulina. As pessoas que padecem dela devem receber injecções diárias de insulina. A quantidade de injecções diárias é variável em função do tratamento escolhido pelo endocrinologista e também em função da quantidade de insulina produzida pelo pâncreas. A insulina sintética pode ser de acção lenta ou rápida: a de acção lenta é ministrada ao acordar e ao dormir; a de acção rápida é indicada logo após grandes refeições. Para controlar este tipo de diabetes é necessário equilibrar os seguintes três factores: a insulina, a alimentação e o exercício. Sobre a alimentação é preciso ter vários factores em atenção. Apesar de ser necessário algum rigor na alimentação, há que lembrar que este tipo de diabetes atinge essencialmente jovens, e esses jovens estão muitas vezes em crescimento e têm vidas activas. Assim, o plano alimentar deve ser concebido com isso em vista, uma vez que muitas vezes se faz uma dieta demasiado limitada para a idade e actividade do doente.

Diabetes tipo 2:


Neste tipo de diabetes parece haver uma diminuição na resposta dos receptores de glicose presentes no tecido periférico à insulina, levando ao fenómeno de resistência à insulina. As células beta do pâncreas aumentam a produção de insulina e, ao longo dos anos, a resistência à insulina acaba por levar as células beta à exaustão. Desenvolve-se frequentemente em etapas adultas da vida e é muito frequente a associação com a obesidade; Vários fármacos e outras causas podem, causar este tipo de diabetes.
Diabetes em estado gestacional:
As diabetes em estado gestacional também envolvem uma combinação de secreção e responsabilidade de insulina inadequados, assemelhando-se às diabetes tipo 2 em diversos aspectos. Desenvolvem-se durante a gravidez e podem melhorar ou desaparecer após o nascimento do bebé. Embora possam ser temporários, as diabetes gestacionais podem trazer danos à saúde do feto e/ou da mãe. Temporários e completamente tratável mas, se não tratados ou levados a sério podem causar problemas com a gravidez, incluindo peso elevado do bebé ao nascer, malformações fetais e doença cardíaca congénita. Requer supervisão médica cuidadosa durante a gravidez. Os riscos fetais associados às diabetes gestacionais incluem anomalias congénitas como: malformações cardíacas, sistema nervoso central e de músculos esqueléticos.
Quais são os sinais e os sintomas?
A tríade clássica dos sintomas da diabetes é poliúria (pessoa urina com frequência), polidipsia (sede aumentada e aumento de ingestão de líquidos), polifagia (apetite aumentado), podendo inclusive ocorrer perda de peso. Estes sintomas podem se desenvolver bastante rapidamente no tipo 1, particularmente em crianças (semanas ou meses) ou pode ser subtil ou completamente ausente — assim como se desenvolver muito mais lentamente — no tipo 2. No tipo 1 pode haver também perda de peso (apesar da fome aumentada ou normal) e fadiga. Estes sintomas podem também se manifestar na diabetes tipo 2 em pacientes cuja diabetes é má – controlada.



Coma Diabético - é a situação médica na qual o portador de diabetes entra em estado de coma por desequilíbrio da sua doença. Pode ser tanto por elevação (coma hiperglicémico) como por diminuição excessiva (coma hipoglicémico) da glicose do sangue.


Coma hiperglicémico - ocorre, geralmente, em pacientes que ficam por descuido ou então por não tomarem a medicação deixam que os valores da glicose subam o suficiente para causar alterações de consciência (600 a 1000 mg/dl).
Coma hipoglicémico - ocorre, quase que exclusivamente, nos pacientes que se tratam com insulina, mas podem também surgir, mais raramente, nos que utilizam anti – diabéticos orais (quando associados a bebida alcoólica em grande quantidade, ou jejum prolongado). Surge quando a glicemia atinge valores da ordem de 20 a 30 mg/dl, com instalação rápida (em minutos) e precedida por tremores, sensação de fraqueza e fome, palpitação e tontura. Pode ser fatal ou causar lesões cerebrais com sequelas tardias, pois o cérebro consome somente glicose para produção energética, e a morte cerebral ocorre após alguns minutos com níveis de glicemia inferiores a 20 mg/dl.

Capitulo XII - Perturbações causadas pelo Calor

As queimaduras:

As queimaduras são lesões da pele e dos tecidos subjacentes provocadas por diversas fontes: de origem térmica, eléctrica, química ou radiante, especialmente na sequência de uma exposição prolongada ao sol, aos raios x e a substância radioactiva. Podem ainda ser causadas por faíscas.

A gravidade de uma queimadura:


Avaliamos a gravidade de uma queimadura, tendo em conta os seguintes critérios que estão em função dos danos causados na pele:



  • A intensidade do calor;

  • As causas da queimadura: calor, produtos químicos, electricidade ou radiação;

  • A duração da exposição à fonte de calor;

  • A extensão da superfície queimada;

  • O grau da queimadura;

A gravidade das queimaduras é mais ou menos grande conforme a região atingida. Quando se situam no rosto, podem provocar perturbações respiratórias pela inalação de gás carbónico e de calor, causando dessa forma lesões nas vias respiratórias e nos pulmões. As queimaduras nas virilhas e nos órgãos genitais podem causar infecções graves.
O estado de saúde e a idade da vítima desempenham também um papel determinante na gravidade das queimaduras. As pessoas idosas de mais de 60 anos e as crianças com menos de cinco anos são mais vulneráveis às complicações. Além disso, eles têm uma pele muito fina. À mesma intensidade de calor, podem sofrer queimaduras muito mais profundas do que os outros grupos etários.
É muito importante, mesmo essencial, poder avaliar rapidamente a gravidade das queimaduras. Numa catástrofe em que há várias vítimas, devemos determinar rapidamente quais delas devem receber prioritariamente os primeiros cuidados. Essa triagem pode evitar complicações graves junto de algumas vítimas.

Os tipos de queimaduras


As queimaduras do primeiro grau


A queimadura do primeiro grau apenas danifica a camada superficial da pele, a epiderme. É grave, quando é atingida mais de metade da superfície do corpo. A pele não é destruída, ficando apenas vermelha, seca e enruga quando se aperta.
Surge um ligeiro inchaço e a dor é bastante acentuada

As queimaduras do segundo grau


A queimadura do segundo grau atinge os tecidos subjacentes à epiderme, isto é, a derme, mas sem a atravessar. Habitualmente, essas queimaduras são graves, pois, as camadas superficiais da pele são destruídas, podendo deixar cicatrizes permanentes. Curam-se no espaço de 3 a 4 semanas.
A pele fica vermelha e irregular, com formação de borbulhas, empolas, cheias de um líquido claro, que aparecem imediatamente de 15 a 20 minutos mais tarde e por vezes até mais. Essas borbulhas podem abrir-se ou deixar ressumar um líquido claro, conferindo à superfície uma apareça húmida. A região atingida fica muitas vezes inchada, fazendo-se acompanhar de uma doer intensa.

As queimaduras do terceiro grau


Quando há queimaduras do terceiro grau, a pele fica destruída em profundidade assim como a epiderme, a derme e o tecido subcutâneo, total ou parcialmente, incluindo os nervos e as gorduras. Os músculos e os vasos sanguíneos ficam muitas vezes danificados e podemos mesmo vê-los coagulados através dos resíduos da pele.
Uma queimadura deste tipo é sempre muito grave e as suas consequências podem perturbar as funções vitais a ponto de provocar um estado de choque e uma baixa de temperatura corporal na sequência de uma perda grande de plasma sanguíneo. Há, igualmente, um risco de infecção grave, de deterioração da função articular e da destreza manual. Essas queimaduras necessitam muitas vezes de excertos de pele e deixam cicatrizes permanentes. Por esse mesmo facto, elas alteram a aparência da pessoa. Por vezes para estas pessoas a convivência com os outros torna-se difícil pois a sua aparência passa a ser diferente, principalmente quando estas são queimadas no rosto ou nos braços que são as partes mais visíveis.
A pele fica negra, carbonizada ou acastanhada. Por vezes fica branca, seca, lisa, semelhante a papel de encadernação. Desaparece a dor e a sensibilidade na parte atingida, pois, as terminações nervosas da pele ficam destruídas. Todavia, se a região vizinha for queimada, com queimaduras do primeiro ou segundo grau, as terminações nervosas não são destruídas e a vítima sente uma dor intensa.

Primeiros socorros em casos de queimaduras:


Deve-se:



  • De resgatar a vítima da fonte de queimadura e de eliminar a sua causa;

  • De parar a acção do calor e a destruição dos tecidos vizinhos;

  • Aliviar a dor e o inchaço;

  • De prevenir as complicações imediatas: os problemas respiratórios, a baixa de temperatura corporal, o estado de choque e a infecção. Estas são as causas mais frequentes de mortalidade na sequência de queimaduras.

  • De tranquilizar a vítima, pois, a ansiedade pode também contribuir para o estado de choque.

  • Chame os serviços de urgência.

Como intervir?

  • Avalie a situação. A vítima está em contacto com a fonte da queimadura: calor, fumo, radiação? Em caso afirmativo, deve ser evacuada para sua segurança. O socorrista deve tomar as medidas necessárias para proteger e evitar queimaduras as pessoas presentes no local.

  • Elimine a causa, por exemplo apagando o fogo, cortando a corrente eléctrica ou retirando os produtos químicos. Avalie imediatamente a gravidade da queimadura;

  • Aplique algo frio nas queimaduras;

  • Efectue o exame primário e administre os cuidados requeridos;

  • Cubra as queimaduras com pensos esterilizados húmidos ou com tecidos limpos húmidos, por exemplo, lençóis;

  • Chame os serviços de urgência;

Queimaduras térmicas


As queimaduras térmicas são causadas por um calor intenso seco ou húmido: chamas, superfícies quentes, partículas de metal em fusão, vapor, líquidos a ferver, etc. É o tipo mais frequente de queimaduras.

Os primeiros socorros em caso de queimaduras térmicas:


Se as roupas não estirem coladas a pele, tire as que cobrem as queimaduras. Não as tente tirar se estiverem coladas.
Se as queimaduras se situarem nas mãos, retire os anéis o mais rapidamente possível, pois, os dedos incharão rapidamente.


Queimaduras térmicas do primeiro grau:


  1. Mergulhe a região atingida em água fria durante 10 minutos ou aplique compressas húmidas e volte a arrefece-las logo que elas estejam quentes, até que a dor tenha diminuído.

  2. Em seguida aplique um penso húmido esterilizado para proteger a pele, que se tornou mais frágil nesse lugar. Mantenha no lugar o penso com uma ligadura de gaze em rolo.

Queimaduras do segundo grau:



  1. Mergulhe imediatamente a região atingida em água muito fria durante 10 minutos ou aplique compressas húmidas frias e arrefeça-as logo que estejam aquecidas, até que a dor tenha diminuído. Se a dor recomeçar aplica-se água fria novamente. Há perigo de hipotermia quando o frio é aplicado sobre uma grande superfície corporal;

  2. Nunca rebente as bolhas, pois estas constituem uma barreira natural contra a infecção;

  3. Se as queimaduras cobrirem uma grande área corporal, controle os sinais e os sintomas de choque. Tape bem a vítima para evitar a perdas de calor;

  4. Quando a dor causada por uma queimadura diminuir, cubra a parte atingida com um penso esterilizado húmido. Isso impedirá que o ar penetre e diminuirá a dor e prevenirá a infecção. Um tecido branco não esponjoso, muito limpo, pode substituir as compressas esterilizadas. Fixe o penso com uma ligadura de gaze em rolo e evite exercer qualquer compressão;

  5. Se as queimaduras se situarem nas mãos e nos pés, coloque primeiramente compressas de gaze esterilizadas entre cada dedo da mão ou do pé para evitar que se colem uns aos outros;

  6. Se houver alcatrão quente sobre a pele, ponha-lhe gelo em cima o mais rapidamente possível. O alcatrão congelará. Muitas vezes forma-se uma bolha por baixo do alcatrão e esta solta-se. Aplica-se seguidamente um penso húmido frio;

  7. Se houver óleo quente em cima da ferida absorva-o com uma compressa esterilizada antes de aplicar frio. O óleo retém mais o calor e agrava a ferida.

Queimaduras do terceiro grau:



  1. Não toque directamente nas queimaduras do terceiro grau, pois, a pele ficou destruída e os micróbios podem penetrar facilmente no organismo. Não tire as roupas que aderiram a queimadura;

  2. Mergulhe o membro atingido na água fria, pois, a água pode penetrar no interior dos tecidos sobre a pele;

  3. Cubra as queimaduras com compressas húmidas frias, se abrangerem uma pequena área do corpo, ou com um lençol branco se a área queimada for muito extensa, num entanto as compressas frias podem provocar um estado de choque, por esse motivo deve-se cobrir de imediato a vítima para que esta mantenha o calor corporal.

  4. Mantenha a vítima em jejum;

  5. Deite a vítima, com a cabeça estendida no solo;

Os efeitos do calor sobre organismo:


Em diversas situações em que estamos expostos a um calor intenso, em que este pode causar perturbações no organismo: caibas musculares, esgotamento ou desfalecimento pelo calor e insolações. Estão sujeitas a essas perturbações as pessoas que se encontram em má condição física, que não estão aclimatadas a uma atmosfera quente e húmida, e que têm de participar em actividades ao ar livre no decorrer de um dia de Verão. Estas situações podem também produzir-se na indústria, onde alguns assalariados têm de trabalhar em locais excessivamente aquecidos. As pessoas idosas, as crianças e as pessoas que apresentam problemas cardíacos ou circulatórios são particularmente sensíveis às exposições prolongadas ao calor.
A temperatura corporal Normal é 37ºC. o calor corporal é produzido através da transformação dos alimentos e pela acção dos músculos, espalhando-se sempre através das partes quentes, ou seja, do centro interno do corpo para as extremidades. Em geral o corpo liberta o seu calor para o ambiente pois este normalmente está a uma temperatura inferior. Por sua vez, o corpo mantém a sua temperatura constante, assegurando uma temperatura constante entre as perdas e a produção de calor, pois, ao ser produzido no decurso das actividades quotidianas é habitualmente suficiente para compensar as perdas regulares de calor.
Uma pessoa em bom estado de saúde está em condições de manter a sua temperatura normal, podendo produzir cerca de um litro de suor por hora. Mecanismos fisiológicos de adaptação, como a transpiração desencadeiam-se quando a temperatura interna se eleva. As glândulas sudoríparas segregam água e sal (suor), a superfície da pele, onde a água se evapora. A transpiração aumenta consideravelmente nas condições de calor elevado. O organismo, então, desidrata-se e torna-se mais vulnerável a altas de temperatura interna e a perturbações circulatórias, dando lugar a manifestações de esgotamento e insolações.


Esgotamento ou desfalecimento causado pelo calor


Uma exposição voluntária prolongada ou uma actividade física intensa, quando o tempo está muito quente e húmido, podem causar um esgotamento ou desfalecimento devido a perdas de líquido e de sais minerais essas perdas só podem ser combatida por meio de ingestão de água.
Essa transpiração excessiva se não é compensada traz consigo um abrandamento da circulação sanguínea no cérebro, no coração e nos pulmões. O organismo tenta eliminar mais calor aumentando a circulação para a superfície da pele. Produz-se então um ligeiro estado de choque do tipo hipovolémico.

Sinais e sintomas do esgotamento os desfalecimento causados pelo calor


O desfalecimento causado pelo calor apresenta os seguintes sinais e sintomas:



  • A transpiração é excessiva e a pele fica pálida e é húmida. A temperatura corporal pode ser normal ou ligeiramente elevada.

  • A vítima sofre tonturas, sensações de fadiga, de fraqueza e de esgotamento.

  • A visão fica nublada, pouco nítida.

  • A vítima tem dores de cabeça.

  • Pode também ter náuseas e até mesmo vomitar.

  • Por vezes, tem cãibras e dores musculares.

  • A respiração e a pulsação tornam-se muito rápidas.


Os primeiros socorros em caso de desfalecimento causado pelo calor:



  • Transporte a vítima para um lugar fresco, com sombra e que seja arejado.

  • Aplique-lhe compressas de água fria na cabeça e no peito para permitir aos mecanismos de regulação de temperatura do corpo restabelecerem-se e, desta forma, arrefecê-lo.

  • Dê-lhe água em pequenas quantidades de cada vez, para compensar o líquido eliminado pela transpiração. Mesmo que a vítima tenha náuseas, a água corre pouco o risco de fazer a vítima vomitar, e assim esta será absorvida rapidamente pelo organismo.

Insolação


A insolação resulta de um aumento da temperatura interna do corpo acima de 40º graus, e mais, a impossibilidade de poder baixa-la por mecanismos fisiológicos, como, por exemplo, a transpiração e a dilatação dos capilares sanguíneos. A temperatura interna aumenta e o estado da vítima é considerado grave. As células cerebrais podem sofrer danos permanentes. A insolação pode mesmo trazer consigo a morte, se não for tratada imediatamente.

Sinais e sintomas da insolação



  • As vítimas de insolação apresentam os sinais e os sintomas seguintes:

  • A pele fica seca e púrpura. A vítima deixa de transpirar mas já num estado extremo.

  • A temperatura corporal é elevada: pode atingir 43ºC e mesmo 44ºC.

  • A vítima tem dores de cabeça e tonturas.

  • Tem náuseas e pode mesmo vomitar.

  • O seu comportamento pode ser agitado, irracional e bizarro, deteriora-se progressivamente e pode ir até à inconsciência e ao coma. São possíveis as convulsões.

  • A respiração é rápida, ruidosa e superficial, e a pulsação rápida, irregular e fraca. A tensão arterial baixa provoca um estado de choque.

Os primeiros socorros em caso de insolação
Como intervir?



  • Chame os serviços de urgência.

  • Transporte a vítima para um lugar fresco com sombra e bem arejado.

  • Deite-a e coloque-lhe a cabeça estendida no chão, ponha-a na posição lateral de segurança, se esta estiver inconsciente.

  • Aplique-lhe compressas frias à volta da cabeça, de cada lado do tórax, do abdómen assim como nos sovacos e nas virilhas. As compressas devem ser refrescadas constantemente.

  • Vigie a temperatura corporal durante o arrefecimento e cesse este quando ela baixar para menos de 40ºC. O mesmo deverá fazer quando a vítima apresentar convulsões durante arrefecimento. As convulsões aumentam a temperatura corporal.

Capitulo XI - Traumatismo Ocular

O que é um traumatismo ocular?

A estrutura da cara e dos olhos tem a finalidade de proteger os olhos de qualquer lesão. O globo ocular encontra-se numa órbita rodeada de um bordo ósseo forte. As pálpebras podem-se fechar rapidamente para formar uma barreira contra os corpos estranhos e o olho pode tolerar o impacto da luz sem ser danificado. Apesar disso, o olho e as estruturas que o rodeiam podem ser danificados por uma ferida, por vezes tão gravemente que se perde a visão e, em situações excepcionais, o olho deve ser extrirpado. A maioria das lesões oculares são de menor importância, mas, devido ao grande hematoma que provocam, com frequência parecem piores do que são. Uma lesão no olho deverá ser examinada por um médico para determinar se é necessário um tratamento e se a visão pode ser afectada permanentemente.
Torna-se importante alertar que muitas poderão ser as causas de um traumatismo ocular destacando-se as lesões causadas por: um impacto, corpos empalados e queimaduras.


Lesões causadas por impacto – É um impacto brusco que obriga a que o olho recue na sua cavidade, sendo provavelmente danificadas as estruturas superficiais (a pálpebra, a conjuntiva, a esclerótica, a córnea e o cristalino) e as da parte posterior do olho (a retina e os nervos). Um impacto com a magnitude apresentada pode partir os ossos que rodeiam o olho.


Tratamento a ser instituído: Nos traumatismos oculares a melhor atitude é não interferir, proteger apenas a lesão com um penso ocular ou compressa esterilizada e alertar os bombeiros.
É essencial tranquilizar a vítima, dar-lhe apoio explicando tudo o que se está a fazer e o porquê, especialmente a razão de ser importante tapar os olhos.

É extremamente importante que numa situação destas não se retire qualquer corpo estranho ou objecto empalado do globo ocular, pois pode provocar um agravamento sério da lesão.

Lesões causadas por corpos empalados - As lesões oculares mais comuns provocadas por corpos estranhos são as da esclerótica, da córnea e do revestimento das pálpebras (a conjuntiva). Apesar de a maior parte destas lesões terem pouca importância, algumas (como a perfuração da córnea ou o desenvolvimento de uma infecção a partir de um corte ou de uma arranhadela na córnea) podem ser graves.
A causa mais comum das lesões superficiais talvez seja as lentes de contacto. Outras causas de lesões superficiais são as partículas de vidro, aquelas que são levadas pelo vento, pelos ramos das árvores e pelos escombros quando caem.

Quais são os sintomas?

Dor e a sensação de que há algo dentro do olho. Também pode provocar sensibilidade à luz, hemorragia dos vasos do olho ou edema do olho e da pálpebra. A visão pode tornar-se confusa.

Tratamento a administrar:

Os corpos estranhos dentro do olho devem ser retirados. Em geral, o referido corpo estranho pode ser retirado com uma gaze de algodão esterilizada e humedecida. Por vezes, é possível fazê-lo sair com água esterilizada.
Se o corpo estranho tiver atravessado as camadas mais profundas do olho, dever-se-á de imediato consultar um oftalmologista para fazer um tratamento de emergência.

Lesões causadas por queimaduras - A exposição a altas temperaturas ou a produtos químicos poderosos fazem com que as pálpebras se fechem com rapidez num acto reflexo para proteger os olhos das queimaduras. Por conseguinte, só as pálpebras ficam queimadas, embora um calor extremo também possa queimar o olho. A gravidade da lesão, o grau de dor e o aspecto das pálpebras dependem da profundidade da queimadura.
As queimaduras químicas podem ocorrer quando uma substância irritante entra no olho. Até as substâncias ligeiramente irritantes podem provocar uma dor intensa e dano no olho. Como a dor é tão grande, há tendência para manter as pálpebras fechadas, pelo que a substância fica em contacto com o olho durante um tempo prolongado.

Tratamento a administrar:

Para tratar as queimaduras sobre as pálpebras, é necessário lavar a área com uma solução esterilizada e a seguir proceder à aplicação de uma pomada ou uma faixa de gaze saturada de vaselina.
A queimadura química ocular é tratada lavando imediatamente o olho aberto com água. Este tratamento deve ser posto em prática até antes de chegar o pessoal médico especializado. Embora a pessoa possa ter dificuldade em manter o olho ferido aberto durante este tempo pela dor causada pela lavagem, é fundamental eliminar o produto químico o mais rapidamente possível.

Capitulo X - Fracturas

Traumatologia dos Membros

O nosso corpo assenta sobre uma estrutura óssea, o esqueleto, que compreende cerca de 206 ossos ligados entre si por meio de articulações. Os ossos são compostos de tecidos vivos tal como a pele e os músculos. São percorridos e atravessados por numerosos vasos sanguíneos.
O sistema esquelético garante o suporte e o movimento. Além das funções de suporte e locomoção, este sistema protege vários os órgãos vitais e alguns ossos têm no seu interior a medula óssea, onde são produzidas células do sangue.
Para permitir o movimento, os ossos articulam-se entre si. Os movimentos são produzidos pela acção dos músculos fixados aos ossos pelos tendões. As articulações são reforçadas por tecidos muito resistentes, chamados ligamentos.
As articulações são junções de dois ou mais ossos e podem ser imóveis, semi-móveis e móveis.
Quanto aos músculos, existem três tipos de músculos: músculo esquelético, o músculo liso, e o músculo cardíaco.



  • Músculo esquelético, constituído por fibras longas que se fixam aos ossos directamente por tendões.

  • Músculo liso, constituído por fibras curtas. Este músculo localiza-se em vários órgãos e os seus movimentos são involuntários.

  • Músculo cardíaco, constituído por fibras ramificadas umas nas outras. Os seus movimentos são involuntários e rítmicos.

Fracturas nos ossos

Fractura é toda e qualquer alteração da continuidade de um osso. Habitualmente resulta de um traumatismo directo, mas pode igualmente surgir de um traumatismo indirecto. Embora as fracturas dos membros, geralmente, não coloquem em perigo a vida da vítima podem, quando tratadas incorrectamente, provocar graves problemas.
A rotura, fragmentação e a racha de um osso são outras tantas formas de fracturas nos ossos. As fracturas nos ossos são graves porque muitas vezes vêm acompanhados de lesões de tecidos musculares envolventes.
Diferentes causas podem provocar fracturas nos ossos. As pancadas directas são uma das causas correntes das fracturas. O osso fractura-se em frente do ponto do impacto. Algumas pancadas indirectas podem também causar ferimentos nos ossos e nas articulações. As fracturas podem também produzir-se na sequência de rotação de um membro.

Classificação de fracturas:


As fracturas podem ir de uma simples racha a um estilhaço ou a um esmagamento importante que produz fracturas múltiplas num mesmo osso. Existem vários tipos de fracturas:



  • Abertas, são habitualmente designadas por fracturas expostas e os topos ósseos comunicam directamente com o exterior.

  • Fechadas, são fracturas em que não há descontinuidade da pele.

  • Complicadas de ferida, são fracturas fechadas em que, na sua proximidade, existem feridas (não relacionadas com a fractura).

Quais são os sinais e sintomas?



  • Uma dor intensa e persistente num membro ferido, que aumenta se houver movimento e diminui com a tracção e imobilização da fractura;

  • Impossibilidade de se efectuar o movimento habitual daquele local. Por vezes é possível mobilizar o membro mas sempre de uma forma dolorosa e limitada;

  • Sensação de mobilidade anormal que se pode ouvir e sentir, que resulta do roçar dos topos ósseos;

  • Aparecimento de edemas, equimoses ou hematomas;

  • Possível exposição dos topos ósseos

Fracturas noutros Membros


Roturas Musculares

As roturas musculares são muito frequentes junto dos desportistas e das pessoas que não respeitam os princípios da mecânica corporal no decorrer de um esforço físico. A rotura muscular, por vezes chamada distensão muscular, resulta numa distensão das fibras musculares ou das suas extremidades, dos tendões que servem de ligação entre o osso e o músculo.
As roturas acontecem muitas vezes após o levantamento de um objecto demasiado pesado ou durante a execução de movimentos bruscos. A gravidade depende do tipo de ferimento e dos danos causados no músculo ou no tendão.

Quais são os sinais o os sintomas?

No caso de uma rotura muscular, esta é dolorosa e nota-se no músculo um inchaço. Esse inchaço é consequência de uma hemorragia no músculo. Nota-se também uma incapacidade funcional mais ou menos acentuada de acordo com a gravidade do ferimento.

Como actuar?



  • Impedir qualquer movimento da região atingida;

  • Colocar a vítima na posição mais confortável possível;

  • Exercer uma pressão sobre o músculo com uma ligadura. Não se deve massajar e não estender o músculo;

  • Levantar o membro, a fim de favorecer uma boa drenagem do sangue;

  • Aplicar gelo para aliviar: as cãibras musculares, as dores e diminuir a hemorragia muscular.

Fracturas nas Articulações


Os ferimentos deste tipo compreendem as entorses e as luxações.

Entorses

Entorse pode ser definida como uma separação momentânea das superfícies ósseas, ao nível da articulação. Ela produz-se devido a um movimento desajeitado ou exagerado. A lesão produz o estiramento dos ligamentos na articulação ou perto dela. Os músculos e os tendões podem ser estirados em excesso e rompidos por movimentos repentinos e violentos.
A entorse manifesta-se por uma dor de grande intensidade, acompanhada de inchaço e equimose no local da articulação.

Quais são os sinais e os sintomas?



  • O processo inflamatório gera uma dor que aumenta durante o movimento do membro ou muito simplesmente ao ser tocado;

  • O rubor é muitas vezes o resultado da irritação do lugar ferido e da dilatação dos vasos sanguíneos;

  • O inchaço é acompanhado de uma cor roxa da pele na região articular;

  • O calor local é a consequência da reacção inflamatória.

Como actuar?



  • Evite movimentar a articulação lesionada;

  • Aplique gelo ou deixe correr água fria sobre a articulação. Não aplique o gelo directamente sobre a pele, a fim de não lhe causar queimaduras do frio.

A aplicação prolongada do gelo faz com que o sangue tente compensar o arrefecimento local, reenviando sangue à parte arrefecida. Sob efeitos desse afluxo de sangue, a pele fica vermelha e os vasos sanguíneos dilatam-se, o que aumenta a pressão no lugar atingido. O sangue tem, então, ainda mais dificuldade em circular normalmente nas veias.

Luxações


Uma luxação é um deslocamento repentino e duradouro, parcial ou completo de um ou mais ossos de uma articulação. Sucedido quando uma força actua directamente ou indirectamente numa articulação, empurrando o osso para uma posição normal. A cápsula fibrosa e os ligamentos que envolvem a articulação são esticados e por vezes rasgados.

Quais são os sinais e os sintomas?



  • Surge uma dor intensa ou uma sensação de compressão;

  • Uma incapacidade de mexer o membro atingido;

  • Dá-se a perda da função e o que é mais frequente é a impossibilidade de executar movimentos;

  • Deformação e encolhimento quando se compara o membro ferido com um membro são.

  • Um inchaço na região da articulação.

Como actuar – Regras Gerais de Imobilização


Uma fractura ou suspeita de fractura deve ser sempre imobilizada, independentemente da distância do hospital. Nas fracturas dos ossos longos imobilizam-se sempre a articulação acima e abaixo da fractura. A sequência de imobilização de uma fractura passa pela tracção prévia da mesma, segundo o eixo em que se encontra o membro, seguida de alinhamento e finalmente imobilização.A imobilização deve ser feita com talas de madeira almofadadas, tendo o cuidado de atender sempre ao estado circulatório do membro. Após a imobilização, deve-se verificar a cor, o pulso periférico, a temperatura e a sensibilidade da extremidade do membro imobilizado.
Num caso de fracturas expostas, deve lavar a ferida e os topos ósseos abundantemente com soro fisiológico, antes da imobilização, cobrindo a ferida e os topos ósseos com compressas embebidas em desinfectante.

Técnicas de Imobilização

As técnicas de imobilização e remoção de vítimas de trauma têm, ao longo dos anos, vindo a ser modificadas e adaptadas mas obedecendo sempre aos mesmos princípios. Entre esses princípios, um destaca-se pela sua importância: mover a vítima somente o necessário para a sua correcta remoção e imobilização, mantendo ou melhorando o seu estado, após a chegada das equipas de socorro.
Devem ser evitados todos os movimentos desnecessários na execução das técnicas.

Capitulo IX - Envenenamento

O envenenamento ou intoxicação aguda ocorre quando uma pessoa inala, entra em contacto directo com a pele ou ingere alguma substância tóxica.
O envenenamento pode acontecer quando a pessoa respira alguma substância tóxica, como fumaça negra, vapor de gasolina ou gás de cozinha; quando tem contacto directo com produtos químicos ou encosta a pele em alguma espécie de planta venenosa; quando engole acidentalmente ou em grandes quantidades alguma substância tóxica, como alimentos deteriorados, produtos de limpeza, insecticidas ou remédios; quando é picada por insectos ou animais venosos.
A maior parte dos casos de envenenamento ocorre dentro de casa, envolvendo crianças. O mais seguro é guardar insecticidas, remédios, produtos de limpeza e outros produtos tóxicos dentro de armários trancados.


Envenenamento por via digestiva:

Quais os sinais e sintomas?


  • Arrepios;

  • Transpiração abundante;

  • Dores abdominais;

  • Náuseas

  • Vómitos;

  • Diarreia;

Envenenamento por via de medicamentos:

Quais os sinais e sintomas?

  • Vómitos;

  • Dificuldade respiratória;

  • Perda de consciência;

  • Sonolência;

  • Confusão mental;

Envenenamento por via de produtos tóxicos


Quais os sinais e sintomas?

Os sinais e sintomas de envenenamento por produtos tóxicos, variam conforme o produto ingerido:


  • Vómitos e diarreia;

  • Espuma na boca;

  • Face, lábios e unhas azuladas;

  • Dificuldade respiratória;

  • Queimaduras à volta da boca (venenos corrosivos);

  • Delírio e convulsões;

  • Inconsciência;

Envenenamento por via respiratória

Os mais frequentes são o envenenamento pelo gás carbónico, pelo óxido de carbono e pelos gás propano/butano.


Quais são s sinais e sintomas?


A vítima começa por sentir-se mal-disposta, seguido de dores de cabeça, zumbidos, tonturas, vómitos e uma apatia profunda que a impede de fugir do local onde se encontra.

A este estado segue-se o coma, isto se a vítima não for rapidamente socorrida.

Como actuar?


Em primeiro lugar, deve-se sempre interrogar a vítima para saber a origem do envenenamento. Ligue para o CIAV – Centro de Informação Anti-Venenos e indique sempre a origem do envenenamento, a quantidade provável ingerida, a hora a que foi ingerida e a hora da última refeição.
Num envenenamento de produtos tóxicos, se a vitima ingeriu álcool, dê-lhe uma bebida açucarada. Em caso de queimadura nos lábios, molhe-os suavemente com água. Em casos destes você não deve dar de beber à vítima, porque pode favorecer a absorção de alguns venenos e não deve provocar o vómito, caso a vítima tenha ingerido um detergente ou solvente.
Num caso de envenenamento por via respiratória, você deve colocar a vítima em locais arejados, desapertar as roupas e se necessários fazer ventilação assistida.



CIAV – Centro de Informação Anti-Venenos


O CIAV é um centro médico de informação toxicológica. Presta informações referentes ao diagnóstico, quando clínico, toxicidade, terapêutica e prognóstico de exposição a tóxicos – humanas e animais – e de intoxicações agudas ou crónicas. Fornece esclarecimentos sobre efeitos secundários dos medicamentos, substâncias cancerígenas, mutagénicas e teratogénicas.
O CIAV presta um serviço nacional, cobrindo a totalidade do país. Este serviço é assegurado por médicos especializados, 24 horas por dias, sete dias por semana.

Para contactar o CIAV, basta telefonar para o número 808 250 143.
Procure dar informações que possam a ajudar o CIAV a identificar a situação designadamente:



  • Quem? – Idade, sexo, gravidez, etc.

  • O quê? – Produto animal, planta, cogumelo...

  • Quanto? – Quantidade do produto, tempo de exposição, etc.

  • Quando? – Há quanto tempo

  • Onde? – Em casa, no campo, na fábrica, etc.

  • Como – em jejum, com alimentos, com bebidas alcoólicas, etc.

Capitulo VIII - Estado de Choque

Estado de Choque



O que é o estado de choque?


O estado de choque caracteriza-se por uma grave diminuição do fluxo sanguíneo e oxigenação, de maneira que se torna insuficiente para continuar a irrigar os tecidos e órgãos vitais do corpo. Pode levar a vítima à morte se não for revertido rapidamente.

Quais poderão ser as causas para provocar um estado de choque?



  • Hemorragias e/ou fracturas graves;

  • Dor intensa;

  • Queimaduras graves;

  • Esmagamentos ou amputações;

  • Exposições prolongadas ao frio ou calor extremo;

  • Acidente por choque eléctrico;

  • Ferimentos extensos ou graves;

  • Ataque cardíaco;

  • Infecções graves;

  • Intoxicações alimentares ou envenenamento;

Quais são os sinais e sintomas?



  • Pele fria e pegajosa, com suor abundante;

  • Ventilação rápida, superficial fraca e irregular;

  • Pulso rápido e fraco;

  • Diminuição da circulação e oxigenação nas extremidades, tornando-se a pele cianosada (roxa) nas mãos, pés e lábios;

  • Sensação de frio;

  • Agitação ou inconsciência;

  • Hipotensão arterial.

Qual é o tratamento que deve ser administrado?



  • Observar se não há objectos ou secreções na boca da vítima, de maneira que a vítima não asfixie;

  • Descobrir a causa do estado de choque (hemorragia interna, externa, queimadura, etc.);

  • Tentar controlar a causa, (ex: estancar hemorragia(s));

  • Aliviar a pressão exercida pelas roupas e cintos;

  • Elevar os membros inferiores (se suspeitar que a causa do estado de choque for uma hemorragia provocada no crânio ou fractura nos membros inferiores, não eleve-os);

  • Aquecer a vítima com um cobertor ou roupas, mantendo uma temperatura adequada.

  • Evite abafá-la;

  • Conversar com a vítima, se consciente;

  • Não dar nada de beber à vítima, pois isso iria interferir caso a vítima necessitasse de uma cirurgia ou também poderia afogar a vítima, já que está, em estado de choque a vítima apresenta os seus reflexos diminuídos.

  • Manter sempre a vítima avaliada até a chegada do socorro (avaliação primária e secundária).


Capitulo VII - Hemorragias


O sangue desempenha um papel muito importante no organismo.
Entre outros, ele conduz, através das artérias, os alimentos nutritivos e o oxigénio indispensável à vida das células, do cérebro, do coração, do fígado, dos músculos da pele e dos outros órgãos. Através das veias, leva também aos órgãos excretores, como os pulmões e os rins, os resíduos produzidos pela nutrição das células. O sangue mantém igualmente o corpo a uma temperatura constante, distribuindo o calor produzido pelo organismo.

Uma perda rápida ou prolongada do volume sanguíneo perturba as funções vitais, cujo equilíbrio e integridade são assegurados põe uma circulação constante. Essa perturbação funcional provoca graves repercussões, como por exemplo, uma deficiência importante de oxigénio a nível do cérebro, do músculo cardíaco ou dos pulmões, o que provoca um estado de choque e muitas vezes a paragem cardiorrespiratória num espaço de tempo mais ou menos longo.

A hemorragia é um escoamento importante de sangue num tempo relativamente curto. Devemos distinguir a hemorragia de efusão sanguínea (provocada por um golpe), a qual consiste num escoamento de sangue que não modifique gravemente a circulação e não é um ferimento prioritário. A simples efusão sanguínea pára espontaneamente, após 5 ou 8 minutos e com a ajuda natural dos mecanismos de coagulação.



Tipos de Hemorragias:


  • Hemorragias Externas;

  • Hemorragia Interna;

Hemorragias Externas


Diz-se que a hemorragia é externa quando o sangue corre para o exterior do corpo através de uma ferida. A hemorragia pode ser arterial, venosa ou mista.

Hemorragia Interna


Habitualmente, a hemorragia interna não é visível. O sangue espalha – se pelos tecidos contíguos no interior do corpo. O sangue que se acumula no interior do organismo provoca graves complicações quando comprime um órgão vital (cérebro, pulmão). O sangue pode igualmente acumular-se nas cavidades do organismo e permanecer ai sem apresentar manifestações peculiares. Uma hemorragia interna constitui um estado grave, frequentemente difícil de avaliar. O socorrista deve estar atento quando se trata de ferimentos causados por um choque violento.
Algumas feridas profundas não podem sangrar imediatamente. Os vasos estão seccionados, mas as extremidades do corte estão esmagados. Sob o efeito de pressão sanguínea, esses vasos vão abrir-se um pouco mais tarde e será então que se produz a hemorragia. Acontece o mesmo quando um membro está esmagado mas não cortado.

Causas da Hemorragia

As causas da Hemorragia Externa:


A hemorragia externa é mais frequentemente causada por acidentes de trabalho, acidentes de estrada ou ferimento provocados por objectos cortantes.

As causas da Hemorragia Interna:


Uma hemorragia interna pode surgir nos seguintes casos:



  • As fracturas fechadas (fragmentos de osso podem perfurar um vaso sanguíneo, provocando uma hemorragia que se faz acompanhar muitas vezes de um inchaço acentuado);

  • Os acidentes de estrada, de caça, de trabalho ou de desporto;

  • Uma pancada violenta directa ou indirecta no tórax, no peito, nas costas ou no abdómen por ocasião de um acidente de estrada;

  • As feridas com perfurações profundas, provocadas especialmente por objectos pontiagudos e cortantes;

  • As feridas causadas por balas de arma de fogo;

  • Os ferimentos por esmagamento ou por compressão, por exemplo, na sequência de um desabamento de terras;

Os Sinais e os Sintomas de uma Hemorragia:


A maior parte dos sinais e dos sintomas da hemorragia são os mesmos, pouco importa que seja externa, interna ou exteriorizada. Eles variam, todavia, conforme o volume de sangue perdido e a velocidade de escoamento. Eis os sinais e os sintomas habituais de hemorragia:



  • A pele fica pálida ou azulada, fria e húmida. O sangue já não pode circular eficazmente em todo o corpo. Produz-se uma constrição dos vasos sanguíneos que irrigam a pele para encaminhar o sangue para os órgãos vitais. A vítima sente uma fraqueza, tonturas, perturbações da visão devidas a uma a uma diminuição do débito sanguíneo no cérebro. Pode surgir uma perda de conhecimento progressiva.

  • A vítima experimente ansiedade, pânico, agressividade, agitando-se e falando sem parar. Fica nauseada e ode vomitar.

  • A sua respiração é superficial, rápida e difícil, impelindo dessa forma a vitima a bocejar, a suspirar e a procurar respirar fundo, pois, produz-se uma deficiência de oxigénio nos órgãos vitais.

  • A pulsação percebe-se com dificuldade. É rápida e fraca. As artérias contraem-se para compensar a falta de volume de sangue e o coração bombeia mais rapidamente de forma a fazer circular o sangue de maneira mais eficaz.

  • A vítima experimenta uma viva sensação de sede devido a uma reacção natural do corpo, que procura compensar uma perda de líquido.

  • Nos casos de hemorragia interna, a vítima sente uma forte dor no sítio do impacto. A sua pele fica azulada e pode dar-se um endurecimento dos tecidos moles, como por exemplo os do abdómen. Os outros sinais e sintomas podem manifestar-se mais tarde em relação à hora do acidente ou do traumatismo.

  • Nos casos de hemorragia exteriorizada, o sangue escorre por um orifício natural: boca, nariz, ouvido, uréter, vagina, ânus, sendo muitas vezes a consequência de uma hemorragia interna.

  • Mesmo uma efusão sanguínea ligeira, repartida por um longo período continuo, pode manifestar-se através desses sinais e sintomas.

Os primeiros socorros em caso de Hemorragia Externa


Nos casos de hemorragia externa, chame os Serviços de Urgência e tente parar imediatamente o escoamento de sangue. É, todavia, importante tomar medidas de protecção para reduzir os riscos de transmissão de doenças pelo sangue. É necessária uma espécie de barreira entre si próprio e a vítima quando se administram os primeiros socorros.
O uso de luvas em látex, inutilizáveis após a sua utilização, é muito recomendado quando há presença de sangue ou quando se tem de praticar manipulações directas à volta de uma ferida.
Se não arranjar luvas, utilize a mão d vítima para exercer uma pressão local, ou ainda uma película de plástico ou um pano branco limpo dobrado várias vezes.
Deve lavar as mãos com sabão imediatamente depois de administrar os primeiros socorros.
Evite tocar na sua boca, o nariz, os olhos ao administrar os primeiros socorros ou antes de ter lavado as mãos.

1.Efectue uma compressão local


Com uma compressa esterilizada ou com um pano branco limpo, efectue uma compressão directa, firme sobre a ferida, a fim de impedir o escoamento sanguíneo e favorecer a formação do coágulo. Mantenha a compressão directa durante, pelo menos, 10 minutos sobre a ferida, a fim de evitar o retomar da hemorragia. Se o sangue atravessar o penso de origem, não o tira mas junte-lhe uma outra compressa, um pano branco limpo, por cima do primeiro e continue a exercer uma compressão até que a hemorragia pare

2. Levante o membro ferido desde o início da compressão


Se não suspeitarmos da presença de uma fractura, podemos levantar o membro acima do nível do coração para diminuir nele a circulação, abrandar a hemorragia e facilitar a coagulação.

3. Ponha a vítima imediatamente em repouso


Estenda a vítima em posição alongada, com a cabeça completamente o chão, as pernas elevadas, a fim de aumentar a pressão sanguínea e prevenir o estado de choque.


Se a hemorragia for arterial e a compressão local for ineficaz, proceda imediatamente a uma compressão à distância ao mesmo tempo que a compressão local (que explicaremos a seguir). Esta compressão à distância vai diminuir a velocidade do fluxo sanguíneo na região da ferida e ajudará a dominar a hemorragia.

4. Ponha um penso compressivo


Depois de ter exercido uma compressão local durante, pelo menos 10minutos, põe-se um penso compressivo. O penso deve estar suficientemente apertado para continuar a bloquear a hemorragia. Todavia, o penso compressivo nunca deve para completamente a circulação do membro ferido. Deve poder notar nele os sinais seguintes de uma boa circulação: calor da pele, coloração da extremidade, ausência de inchaço e presença de pulsação na extremidade do membro.
Pode também fazer-se o penso com uma ligadura elástica, uma ligadura triangular, um lenço ou uma gravata.
Pode suspeitar-se de uma hemorragia retardada especialmente nos casos de escoriação de pele. O aperto dos vasos sanguíneos abranda então ou retarda e hemorragia. O esmo acontece quando a pele é perfurada por um objecto pontiagudo: ela tem, então a tendência para se voltar a fechar. Faça imediatamente um penso compressivo, mesmo que a ferida não sangre. Exerce-se por isso uma compressão local sobre o penso.
Não devemos aplicar algodão sobre uma ferida pois, algumas fibras podem colar-se a ferida e causas infecção.

5. Imobilize o membro ferido


Se os ferimentos o permitirem, imobiliza-se a perna erguendo-a e o braço, mantendo-o numa ligadura de suspensão.
Se o penso estiver embebido de sangue, não o tire, mas junte-lhe um outro sobre o primeiro. Se o tirarmos corre-se o risco de ferir ao mesmo tempo o coágulo que se formou e a hemorragia recomeçará.
Vigie os sinais do estado de choque e tape a vítima para que ela mantenha o seu calor corporal. Tranquilize a vítima.


As hemorragias nasais


A hemorragia nasal pode surgir espontaneamente depois de nos termos assoado, na sequência de um choque directo, ou ainda, após um traumatismo indirecto, coo por exemplo, uma fractura do crânio. Este último caso é grave.

Para parar as hemorragias nasais:



  • Tranquilize a pessoa para que ela fique calma, a fim de evitar um aumento da pressão arterial e um agravamento da hemorragia nasal.

  • Mande sentar a pessoa com a cabeça ligeiramente inclinada para a frente, a fim de evitar que o sangue se acumule na parte de trás da garganta.

  • Aconselhe-a apertar o nariz, justamente abaixo da parte ossuda, ou a apoiar fortemente, com o dedo, o lado da narina atingida ou com o polegar e o indicador cada lado do nariz, durante cerca de 10 minutos.

  • Desaperte-lhe as roupas no pescoço e no peito se a estiverem a incomodar.

Depois da paragem da hemorragia nasal, deve-se recomendar a vítima que respirar pela boca e que evite assoar-se durante as primeiras duas horas, a fim de evitar que o coágulo se desfaça. Se, depois dos primeiros cuidados, a hemorragia nasal persistir ou reaparecer consulte os serviços médicos. Se a hemorragia nasal for devida a uma fractura no crânio, não faça nenhuma pressão local para a parar, porque isso correria o risco de fazer crescer a pressão exercida sobre o cérebro.


Técnica do Garrote


Em que situações utilizar um garrote?


Excepcionalmente podemos aplicar um garrote ou um torniquete. Um garrote pode ser utilizado nos seguintes casos:



  • Numa situação em que tem de se efectuar prioritariamente uma reanimação ou outras manobras indispensáveis.

  • Quando a compressão directa e a distância (referidas anteriormente) é insuficiente e a hemorragia persiste: nesse caso o garrote pode-se revelar como único meio para salvar uma vida.

  • É importante não empregar o garrote ou o torniquete sistematicamente para parar uma hemorragia. O garrote é na verdade um meio de último recurso, não é recomendado pois causa, por vezes, mais danos que o próprio ferimento. O garrote esmaga uma quantidade considerável de tecidos e, por vezes, causa danos permanentes nos nervos e nos vasos sanguíneos. Se for deixado durante um período demasiado longo, pode trazer consigo a perda de um membro, pois não há corrente sanguínea nesse local.

  • É, por isso, um método a empregar apenas em casos extremos para salvar a vida de alguém.

Qual é o objectivo do garrote?


O garrote tem por objectivo exercer uma compressão circulatória o mais perto possível do ponto de ruptura da artéria seccionada.

Como se realiza a técnica do garrote?


Com uma ligadura (manga de camisa, gravata, lenço ou ligadura triangular), com uma largura de 5cm e com 6 camadas de espessura, envolva duas vezes o membro, o mais perto possível da ferida.



  1. Fazendo um meio nó.

  2. Ponha um torniquete, se não o tiver disponível utilize um pauzinho sobre o meio nó e faça outro meio nó por cima.

  3. Utilize o pauzinho como cabo para poder apertar a ligadura e vá girando até que a hemorragia abrande.

  4. Fixe o pauzinho, ligando-o com outra ligadura e eleve o membro afectado.

Os primeiros socorros em caso de Hemorragia Interna


Quando se suspeitar da existência de uma hemorragia interna, chame os serviços de urgência imediatamente.
O socorrista não pode fazer nada para dominar este tipo de hemorragia, pois, o tratamento depende do lugar onde ocorreu e a causa que levou a que isto acontecesse. Apenas uma intervenção cirúrgica ou médica pode ser eficaz. É por essa razão que se deve manter a vítima em jejum e não lhe dar nada pela boca, mesmo que ela tenha sede, mas caso aconteça humedeça-lhe apenas os lábios. Além disso ela poderia sufocar com os vómitos caso ficasse inconsciente.
Se a vítima estiver consciente, deve repousar a cabeça sobre o solo.
Conserve-lhe as vias respiratórias abertas e ajude a afastar os curiosos para facilitar as entradas de ar no lugar. Peça a vítima para não se mexer, a fim de não agravar o escoamento de sangue e para não retardar a formação do coágulo. Acalme-a, explicando-lhe que é muito importante repousar o mais possível.
Mantenha a vítima quente, tapando-a a fim de que ela mantenha o seu calor. Uma hemorragia traz consigo automaticamente uma baixa de temperatura corporal e uma das funções do sangue é o assegurar a constância da temperatura interna do corpo.
Para manter a vítima quente, cubra-a com um cobertor, se isso não for possível coloque um casaco ou algo quente para esta não sentir tanto frio.

Capitulo VI - Perturbações Circulatórias

As perturbações circulatórias prejudicam a distribuição e a utilização do oxigénio transportado pelo sangue. São o coração, o cérebro, os vasos sanguíneos e o sangue que estão em causa.
A falta de oxigénio que o sangue transporta numa perturbação circulatória pode dar origem: a um enfarte do miocárdio, a um acidente vascular cerebral, a uma paragem cardíaca, a uma hemorragia ou de um estado de choque. Se essa falta de oxigénio persistir durante um elevado período de tempo pode ser fatal ou causar danos cerebrais irreversíveis.

Doenças Cardiovasculares

São as artérias coronárias que levam o oxigénio e os alimentos nutritivos ao músculo cardíaco, designado miocárdio. Este é muito exigente em oxigénio, sobretudo em actividades físicas.
O miocárdio só pode tolerar alguns segundos sem oxigénio, caso a interrupção seja grave as células do miocárdio começam a morrer e os sinais de enfarte evidenciam-se.

Os factores de risco das doenças Cardiovasculares são:
  • Idade;

  • Sexo;

  • Hereditariedade;

  • Tabagismo;

  • Tabagismo associado às pílulas contraceptivas;

  • Colesterol;

  • Hipertensão;

  • Obesidade;

  • Stress;

  • Sedentarismo;

  • Diabetes.

Enfarte de Miocárdio

O enfarte do miocárdio resulta da obstrução de uma artéria que leva o oxigénio e os elementos nutritivos ao músculo cardíaco, o que faz com que o coração alimentado por essa artéria fique privado de sangue e morra. Embora esse dano não seja grave, a vítima de um enfarte do miocárdio não sofre forçosamente uma paragem cardíaca. O dano no músculo cardíaco é que vai ditar se o dano é mais ou menos grave.
Este tipo de enfarte é mais frequente no ventrículo esquerdo pois neste a parede do coração é mais espessa e a pressão arterial é mais elevada, o que faz com que seja mais sensível à falta de oxigénio.

Quais os sinais e sintomas?

  • Vítima sente uma dor forte e persistente;

  • Dor sentida no centro do peito em que a vitima leva espontaneamente a mão ao peito. Essa dor é constante e pode durar de 30 minutos a várias horas;

  • Vítima descreve a dor no peito como um aperto, uma queimadura ou uma sensação de peso enorme depositado sobre o peito;

  • Dor pode ser confundida como uma indigestão, pois muitas vezes é acompanhada por náuseas e, por vezes, por vómitos;

  • Muitas vezes observa-se uma perda de sentidos no caso de enfarte, o que indica uma paragem súbita do coração ou um estado de fibrilhação, isto é de contracções cardíacas ineficazes;

  • Observa-se dificuldades respiratórias importantes semelhantes à falta de fôlego, acompanhadas de sensação de fraqueza, de fadiga. A vítima fica muito ansiosa e em alguns casos têm a impressão de morte iminente;

  • Pulsação é apressada ou demasiado lenta, ou ainda irregular e fraca;

  • Pele fica pálida, azulada no rosto e nas extremidades dos dedos e os suores são abundantes;

  • Vítima recusa-se a aceitar a gravidade do seu caso;

Angina de peito

A angina de peito resulta do estreitamento das artérias coronárias que torna a circulação insuficiente na região do miocárdio. Isto é devido a uma formação de placas de corpos gordos e outros resíduos nas artérias coronárias. Nesta situação o coração não recebe a quantidade necessária de oxigénio e de elementos nutritivos. A angina de peito ocorre sobretudo na sequência de grandes esforços físicos, um stress intenso, do excesso de trabalho ou sob efeito de condições climáticas extremas (calor, frio, vento). Estes factores contribuem para um crescimento da frequência cardíaca.

Quais são os sinais e os sintomas?

A dor dura habitualmente de 3 a 10 minutos e desaparece assim que o contributo de oxigénio ao músculo cardíaco é igual ou superior às necessidades do organismo. Outros sinais e sintomas são: dificuldades respiratórias, sensação de fraqueza, atordoamento, pele pálida, húmida e fria, náuseas e vómitos.
Se a vítima não tiver medicamentos de urgência, o primeiro passo é chamar os Serviços de Urgência, pois o risco de vida é muito elevado.

Como intervir?

  • Verificar se a vítima trás consigo medicamentos de urgência, se for o caso ajude-a a tomá-los;

  • Se a vítima tiver uma dor intensa no peito, pergunte-lhe se foi a primeira vez que a sentiu, quando começou, e o que é que a provocou;

  • Perguntar o que é que se assemelha, se tem alguma doença cardiovascular se ela toma medicamentos para a doença e se é portador deles naquele momento;

  • Interromper a actividade física da vítima. Mande-a sentar-se que é para a ajudar a respirar. Desaperta-lhe as roupas no pescoço, no peito e na cintura.

  • Tranquilizar a vítima que é para o seu ritmo cardíaco baixar.

  • Vigiar sempre o estado de consciência da vítima.

  • Não dar de beber nem comer à vítima;

Paragem Cardíaca

A paragem cardíaca é uma paragem repentina e imprevista das funções respiratórias e circulatórias. Uma paragem deste tipo é provocada quando o músculo cardíaco experimenta subitamente dificuldades em se contrair. O coração deixa de ter potência necessária para fazer circular eficazmente o sangue no corpo. O ritmo é irregular e os batimentos são desordenados, a esta manifestação chama-se fibrilhação.
Num caso de fibrilhação, a desfibrilhação é um tratamento que consiste em restabelecer o ritmo cardíaco normal com ajuda de descargas eléctricas.

Quais são os sinais e sintomas?

Estado de inconsciência;

  • Coloração da pele: azulada (cianosada), pálida, cerosa e fria;

  • Ausência de respiração;

  • Ausência de circulação;

Como intervir?

O factor tempo é muito importante na diferença entre salvar ou não uma vida. Os órgãos vitais, o cérebro, entre outros, não podem tolerar muito tempo sem oxigénio, pois as células cerebrais se estiverem mais de 4 minutos sem oxigénio começam a morrer e com isso pode trazer lesões cerebrais irreversíveis e até mesmo a morte.
Durante a manobra de reanimação, o cérebro está suficientemente alimentado de oxigénio para evitar uma deterioração fatal. Uma demora de mais de 6 minutos entre a paragem cardíaca e o começo de técnica da reanimação diminui as possibilidades de sobrevivência e torna muito provável o aparecimento de lesões cerebrais permanentes.
Tente verificar se a vítima sofreu algum traumatismo. Se houver suspeitas de um traumatismo craniano (TCE) ou na coluna (TVM), é preciso ter isso em conta na permeabilização das vias aéreas.
Para que a manobra de reanimação seja eficaz a vítima tem de estar deitada de costas numa superfície firme, a cabeça deve estar ao nível do coração.

Princípios da Reanimação Cárdio-respiratória:

Pratica-se a massagem cardíaca depois da fase do exame primário. A reanimação cárdio-respiratória tem como objectivo principal recuperar a vítima da paragem, para uma vida comparável à que tinha previamente ao acontecimento. Como sempre, as manobras estão condicionadas pelo factor tempo.

Suporte Básico de vida no adulto (SBV):

Conjunto de procedimentos bem definidos e com metodologias padronizadas, que têm como objectivo reconhecer as situações de perigo de vida iminente, saber como e quando pedir ajuda e saber iniciar de imediato as respectivas manobras.

Etapas e procedimentos:

  • Avaliação incial;
  • Manutenção da via aérea permeável;

  • Ventilação com ar expirado;

  • Compressões torácicas;

Posicionamento da vítima e do reanimador:


As manobras de SBV devem ser executadas com a vítima em decúbito dorsal, no chão ou num plano duro.
Se a vítima se encontrar numa cama, as manobras de SBV, nomeadamente as compressões torácicas não serão eficazes uma vez que a força exercida será absorvida pelas molas ou espuma do colchão.
O reanimador deve tomar uma posição que possa executar ventilações e compressões sem necessitar de grandes deslocações.

Sequência das acções:

A avaliação inicial consiste em:

1. Avaliar as condições de segurança no local;

2. Avaliar se a vítima responde;

Depois de assegurar que estão garantidas as condições de segurança, aproxime-se da vítima e pergunta em voz alta “Está bem? Sente-se bem?”, enquanto a estimula batendo suavemente nos ombros.

3. Se a vítima responder, deixe-a na posição em que a encontrou (desde que isso não represente perigo acrescido), pergunte o que se passou, se tem alguma queixa, alguma dor, procure ver se existem sinais de ferimentos e, se necessário, vá pedir ajuda.

4. Se a vítima não responder, peça ajuda gritando em voz alta “Preciso de ajuda! Tenho aqui uma vítima inconsciente!”. Não abandone a vítima e prossiga com a avaliação.

Se a vítima se encontra inconsciente, os músculos da língua perdem o seu tónus habitual (relaxam) e a queda da língua para trás (na vítima em decúbito dorsal) pode causar obstrução da via aérea, sendo a causa mais frequente no adulto inconsciente. Outros factores, podem, também, condicionar obstrução da via aérea: vómito, sangue, dentes partidos, ou próteses dentárias soltas.

5. Para tal, torna-se fundamental proceder à permeabilização da via aérea:


  • Desaperte a roupa à volta do pescoço da vítima e exponha o tórax.

  • Verifique se existem corpos estranhos na boca (comida, próteses dentárias soltas, secreções). Se existirem, deve removê-los mas apenas se os visualizar. (NOTA: Próteses dentárias bem fixas não devem ser removidas.)

  • Coloque a palma de uma mão na testa da vítima e os dedos indicador e médio da outra mão no bordo do maxilar inferior.

  • Efectue simultaneamente a extensão da cabeça (inclinação da cabeça para trás) e elevação do maxilar inferior (queixo).

ATENÇÃO: Nas situações em que a vítima possa ter feito traumatismo da coluna cervical não pode ser feita a extensão da cabeça. Nestes casos a permeabilização da via aérea deve ser feita apenas por elevação do maxilar inferior – sub-luxação da mandíbula.

6. Para verificar se a vítima respira, deve aproximar a sua boca da face da vítima e, olhando para o tórax e mantendo a via aérea aberta, procurar:


VER – se existem movimentos torácicos.
OUVIR – se existem ruídos de saída de ar pela boca ou nariz da vítima.
SENTIR – na sua face se há saída de ar pela boca ou nariz da vítima.
PALPAR – sentir o pulso central.

DEVERÁ USAR O VOSP DURANTE 10 SEGUNDOS

No VOSP deve procurar a existência de movimentos respiratórios normais, isto é, observar o tórax elevar e baixar ciclicamente. Algumas vítimas podem apresentar movimentos respiratórios ineficazes conhecidos por “gasping” ou “respiração agónica” que não devem ser confundidos com respiração normal.

7. Se a vítima após concluir o VOSP respirar normalmente deverá ser colocada em posição lateral de segurança (P.L.S.).


8. Se a vítima não respirar deve iniciar precocemente as manobras de reanimação cárdio – respiratória (R.C.P.)

Se estiver sozinho, após verificar que a vítima não respira, deve abandoná-la de imediato para ligar para os bombeiros ou para o 112. Deve informar que se encontra com uma vítima inconsciente que não respira e fornecer o locar exacto onde se encontra.
Se estiver alguém junto de si, deve pedir a essa pessoa que vá ligar aos bombeiros ou ao 112, dizendo-lhe, se necessário, como deverá proceder, isto é, dizer que a vítima está inconsciente e que não respira, fornecer também a informação do local exacto onde se encontra.

9. Executar a ventilação com o ar expirado.

Assegure que a cabeça da vítima permanece em extensão e o queixo levantado, mantendo a palma de uma mão na testa da vítima e os dedos indicador e médio da outra mão no bordo do maxilar inferior.
É necessário tapar o nariz da vítima pinçando-o entre os dedos polegar e o indicador da mão que está na testa.
Para que a ventilação ocorra com sucesso é necessário manter a extensão da cabeça e elevação do queixo, assim como o nariz tapado eficazmente. Só então colocar os lábios à volta da boca da vítima, adaptando-os bem e certificando-se que não há fugas de ar.
Em seguida, sopre lentamente para o interior da boca da vítima, observando simultaneamente a expansão do tórax.
Após a insuflação afaste a sua boca da boca da vítima, mantendo o posicionamento da cabeça da vítima, para permitir a saída do ar.

Uma insuflação com sucesso é uma insuflação que deve ser lenta, isto é, deve ser efectuada ao longo de cerca de 2 segundos.

Se não conseguir insuflar o ar deve:

  • Verificar novamente se não existem corpos estranhos visíveis na boca.

  • Confirmar a correcta permeabilização da via aérea reposicionando a cabeça se necessário.

  • Tentar insuflar de novo.

  • Fazer até cinco tentativas para conseguir duas insuflações eficazes.

10. Para pesquisar sinais de circulação

  • Manter a permeabilidade da via aérea;
  • Pesquisar se a vítima respira normalmente (em resposta às duas insuflações iniciais) efectuando o VOSP;
  • Procurar a existência de movimentos;
  • Observar se a vítima tosse;
  • Pesquisar a presença de pulso carotídeo;

11. Se a vítima não ventila mas tem outros sinais de circulação é necessário manter a ventilação com ar expirado, efectuando 10 insuflações por minuto.



  • Para o conseguir deve efectuar uma insuflação pausada, ao longo de 2 segundos, aguardar cerca de 4 segundos e voltar a efectuar outra insuflação.

  • Repetir este procedimento 10 vezes.

  • Após cada 10 insuflações, em que terá decorrido cerca de 1 minuto, deve pesquisar novamente a existência de sinais de circulação.

  • Se a vítima mantiver sinais de circulação, mas não ventilar, repetir o procedimento (10 insuflações por minuto), pesquisando sempre sinais de circulação ao fim de cada minuto.


ATENÇÃO: Não demorar mais de 10 segundos na pesquisa de sinais de circulação.

12. Se a vítima não apresentar qualquer sinal de circulação:

A vítima deve estar em decúbito dorsal sobre uma superfície rígida com a cabeça no mesmo plano do resto do corpo.

  • Ajoelhe-se junto à vítima.

  • Localize o ponto para as compressões torácicas;

Como localizar o ponto para fazer as compressões torácicas e a respectiva posição das mãos:

Se a posição das mãos for incorrecta o socorrista pode causar ferimentos como fracturas nas costelas ou do esterno. Um fragmento de osso estalado ou partido pode lacerar os pulmões ou o fígado.



  • Com o dedo médio da mão que se encontra mais perto dos pés da vítima, encontre o ponto de apoio, deslizando esse dedo médio ao longo da última costela até ao ponto em que as costelas se ligam ao esterno.

  • Mantenha o dedo médio sobre esta cavidade e coloque um pouco mais acima o seu indicador sobre o esterno, tocando os dois dedos um no outro.

  • Coloque a base da palma da sua mão no alinhamento do esterno, ao lado do indicador da mão referência.

  • Coloque a palma da mão de referência directamente sobre a palma da mão já colocada no lugar. Os dedos das duas mãos estão levantados e cruzados para que não toquem no peito. Apenas a base da palma da mão deve tocar no tórax.

A posição do corpo:

Tenha os braços bem direitos sem dobrar os cotovelos, os ombros devem encontrar-se por cima das mãos.
Esta posição permite utilizar massa corporal e não a força dos braços para ser menos cansativo e mais eficaz.

As compressões:

Para cada ciclo, faça 30 compressões consecutivas e 2 ventilações (insuflações).
Comprima o esterno cerca de 3,3 cm a 5 cm no adulto, a fim de forçar o sangue a sair do coração e a circular nas artérias.
Depois de cada compressão relaxe a pressão no tórax sem tirar as mãos, durante essa fase o coração enche-se de novo.

A verificação da eficácia da reanimação cárdio-respiratória:

  • Há melhoria da coloração da pele e das extremidades dos dedos.

  • Se perceber uma pulsação em cada massagem (a pulsação é verificada por outra pessoa).

  • As pupilas reagem à luz (uma constrição das pupilas é o sinal de uma irrigação eficaz de sangue oxigenado no cérebro).

  • Pulsação é perceptível e retoma-se espontaneamente.

  • Ruído respiratório pode manifestar-se espontaneamente.

  • Vítima pode mexer os braços ou as pernas por ela própria.

Acidente Vascular Cerebral (AVC):

O acidente vascular cerebral não é uma doença, mas um conjunto de sinais e de sintomas atribuíveis a vários problemas susceptíveis de interromper o contributo de oxigénio e de nutrientes em algumas partes do cérebro. Produz-se quando uma parte do sangue que irriga o cérebro fica bloqueada por depósitos de corpos gordos (coágulos) e de outros resíduos ou quando um vaso sanguíneo rebenta (hemorragia cerebral).

Factores de risco do AVC:

Os riscos de ruptura arterial são mais frequentes quando a tensão arterial é elevada. A hipertensão arterial é uma das principais causas do acidente vascular cerebral, pois, favorece a formação de placas na parede interna das artérias e aumenta assim o perigo de formação de coágulos sanguíneos que podem obstruir a circulação sanguínea numa parte do cérebro.

Quais os sinais e sintomas?

  • Tonturas, vertigens, dores de cabeça súbitas e violentas, seguidas de um estado de inconsciência rápido, sobretudo em casos de hemorragia cerebral.

  • Fraqueza, inchaço repentino ou gradual no rosto, de um braço, de uma perna, sentido apenas metade do corpo.

  • Enfraquecimento da visão.

  • Expressão de ansiedade, pois a vítima pode estar consciente mas incapaz de falar ou chorar.Pupilas de grossura desigual.

  • Paralisia dos músculos faciais.

  • Dificuldade em perceber o que lhe dizem

  • Incontinência de esfincteres.

Como actuar?

  • Impedir que a vítima se magoe.

  • Dar apoio psicológico.

  • Prevenir complicações, sobretudo, no que diz respeito à obstrução das vias aéreas.

Como inetrvir?

  • Chamar os bombeiros.

  • Avaliar e estar atento ao estado de consciência da vítima.

  • Não movimentar a vítima desnecessariamente e protegê-la dos objectos perigosos que possam estar no local.

Se a vítima estiver consciente:

  • Instale-a confortavelmente numa posição meia – sentada.

  • Mantenha as vias aéreas desobstruídas e desaperte as roupas no pescoço e no peito. Se a vítima for incapaz de engolir a saliva ou se vomitar ponha-a em posição lateral de segurança.

  • Dê apoio psicológico à vítima.

  • Mantenha a vítima aquecida.

Se a vítima estiver inconsciente:

  • Mantenha as vias aéreas desobstruídas e ponha-a em posição lateral de segurança.Tranquilize-a pois ela pode ouvir o que se passa à sua volta

Capitulo V - Perturbações Respiratórias



Obstrução das Vias Aéreas
A obstrução da via aérea é uma emergência absoluta que se não for reconhecida e resolvida leva à morte em minutos.
Podem ocorrer três tipos de obstruções:
  • Obstrução Anatómica – É causada pela queda da língua quando a vítima está inconsciente.
  • Obstrução Patológica – Ocorre obstrução por edema dos tecidos da via aérea como por exemplo no caso de uma reacção alérgica, um cancro ou uma epiglotite.
  • Obstrução Mecânica – Esta obstrução resulta de uma causa “extrínseca” à via aérea – alimentos, sangue ou vómito. Qualquer objecto sólido, pode funcionar como corpo estranho e causar obstrução da via aérea.

A obstrução da via aérea, por corpo estranho, ocorre habitualmente durante as refeições, com os alimentos, e está frequentemente associada a alcoolismo ou tentativa de se engolir pedaços de comida grandes e mal mastigados. Quando a obstrução ocorre num local público é frequentemente confundida com um ataque cardíaco.
É importante distinguir a obstrução da via aérea de outras situações dado que a abordagem é diferente. Na obstrução da mecânica, existem várias manobras que podem ser efectuadas com o objectivo de resolver a obstrução e que caso sejam bem sucedidas podem evitar a paragem respiratória.

Classificação da Obstrução Mecânica
A obstrução da via aérea por corpo pode ser total ou parcial.

  • Obstrução Parcial – a vítima começa a tossir, ainda consegue falar e pode fazer algum ruído ao respirar. A vítima pode apresentar uma tosse ineficaz, estridor (ruído agudo durante a fase de inspiração), dificuldade respiratória e cianose.
  • Obstrução Total – a vítima não consegue falar, tossir ou respirar. Poderá demonstrar grande aflição e ansiedade e agarrar o pescoço com as duas mãos. Não há qualquer ruído respiratório dado que não há entrada nem saída de ar. É necessário actuar rapidamente, para que a vítima não fique inconsciente.


Actuação numa vítima consciente

Várias manobras têm sido descritas para resolver a obstrução total da via aérea, considerando-se, actualmente que se deve começar por tentar a desobstrução da via aérea com aplicação de pancadas interscapulares e, no caso de insucesso, tentar então compressões abdominais ou a manobra de Heimlich.
Enquanto a vítima respira e conseguir tossir, de forma eficaz o reanimador não deve interferir, devendo apenas encorajar a tosse e vigiar se a obstrução é ou não resolvida e se a tosse continua a ser eficaz. Se a vitima consciente apresenta uma tosse ineficaz, incapaz de falar ou respirar proceda de imediato à aplicação de pancadas interescapulares.
Caso a obstrução não for resolvida com a aplicação das pancadas interescapulares passe à aplicação de compressões abdominais – Manobra de Heimlich – manobra que causa uma elevação do diafragma e aumenta a pressão nas vias aéreas, com a qual se consegue uma espécie de tosse artificial, forçando o objecto a sair. Esta manobra também pode ser executada pela própria vítima no caso de se encontrar sozinha.
A manobra de Heimlich só deve ser aplicada a vítimas de obstrução da via aérea conscientes. Existem, no entanto duas excepções às quais não deve ser aplicada a manobra de Heimlich: as grávidas no final da gravidez e as vítimas francamente obesas. Nestas duas situações aplica-se a técnica de compressões torácicas.

Pancadas Interscapulares

  • Colocar-se ao lado da vítima e ligeiramente por detrás da vítima.

  • Suportar o corpo da vítima ao nível do tórax com uma mão, mantendo-a inclinada para a frente numa posição tal que se algum objecto for deslocado com as pancadas possa sair livremente pela boca.
  • Aplicar até 5 pancadas interescapulares, na parte superior das costas a meio das omoplatas.
  • Cada pancada deve ser efectuada com a força adequada tendo como objectivo resolver a obstrução.
  • Após cada pancada deve verificar-se a obstrução foi ou não resolvida, aplicando 5 pancadas no total.


Técnica para execução da manobra de Heimlich

  • Colocar-se por detrás da vítima;
  • Colocar os braços à volta da vítima ao nível da cintura;

  • Fechar uma das mãos, em punho, e colocar a mão com o polegar encostado ao abdómen da vítima, na linha média um pouco acima do umbigo e bem afastada do apêndice xifóide;

  • Com a outra mão, agarrar o punho da colocada anteriormente e puxar, com um movimento rápido e vigoroso, para dentro e para cima na direcção do reanimador.

  • Cada compressão deve ser um movimento claramente separado do anterior e efectuado com a intenção de resolver a obstrução.

  • Repetir as compressões abdominais até 5 vezes, vigiando sempre se ocorre ou não resolução da obstrução e o estado de consciência da vítima.