segunda-feira, 19 de maio de 2008

Capitulo III - Exame à Vitima

Antes de qualquer procedimento relacionado com o exame da vítima, torna-se fundamental que se assegure a segurança de todos aqueles que intervenham no exame da vítima e da própria vítima.
É essencial que se tenha plena consciência de quais são as prioridades, pois não é pretendido que em vez de uma vítima, outras pessoas que violem as regras de segurança se tornem também vítimas.
Depois de asseguradas as condições de segurança, só então o tripulante de ambulância deve então iniciar a avaliação do estado da vítima para, desta forma, a poder socorrer por ordem de prioridade de gravidade das lesões.

É muito importante reter que não se deve avançar no exame se for detectado um problema e este não for corrigido.

O exame primário deve ser efectuado de uma forma rápida e minuciosa de modo a avaliar a existência de alterações das funções vitais, pois estas podem colocar em risco imediato a vida da vítima.
Só em seguida é que se deve realizar o exame secundário, pesquisando então aí a existência de lesões que não pondo em risco imediato de vida da vítima, devem de ser cuidadas e estabilizadas.
Exame Primário

O exame primário baseia-se no exame onde se procura detectar a existência de situações que possam pôr em perigo imediato a vida da vítima, que comprometam as suas funções vitais.
No exame primário da vítima é importante avaliar:




  • O estado de consciência;
  • A ventilação;
  • O pulso;
  • Hemorragias externas graves;
  • Hipovolémia;

Em caso de acidente ou de situação desconhecida, é importante suspeitar sempre que a vítima possa ter lesões crânio – encefálicas (TCE) e/ou vertebrais – medulares. (TVM).

Avaliação do estado de consciência:

1. Avaliar se a vítima se encontra consciente, isto é, se responde quando estimulada. Para tal, abana-se suavemente nos ombros e pergunta-se em voz alta:
Está bem? Está-me a ouvir?

2. Perante uma vítima inconsciente deve, de imediato e sem abandonar a vítima, gritar por ajuda, pois é extremamente provável que precise de ajuda.
Socorro, socorro! Tenho aqui uma vítima inconsciente!

3. Na ausência de resposta, a vítima é considerada inconsciente, correndo nesse caso perigo de vida.

Permeabilização da via aérea:

A obstrução da via aérea pode ser causada por diversos factores (relaxamento da língua, secreções acumuladas, vómito, sangue ou objectos estranhos) tornando a situação muito grave que pode ocorrer nas vítimas inconscientes. A permeabilização da via aérea neste caso torna-se fundamental.

Pesquisa de ventilação espontânea:



A pesquisa da ventilação espontânea só é realizada após a permeabilização da via aérea. Para a pesquisa é necessário que aproxime a face da vítima, observando o tórax e mantendo a via aérea aberta, e verifique se esta ventila durante 10 segundos. Para tal deve:
VER – verificar se existem movimentos torácicos.
OUVIR – verificar se existem ruídos de saída de ar pela boca ou pelo nariz da vítima.
SENTIR – sentir o ar que sai da boca ou nariz da vítima
PALPAR – palpar o pulso central da vítima.

Pesquisa de circulação:

Na pesquisa de circulação ou pesquisa de pulso é importante palpar o pulso para se saber se existe ou não contracções cardíacas. A pesquisa poderá ser feita em vários locais, nomeadamente nas artérias carótidas, femurais, radiais, ou umerais.
Numa vítima inconsciente pesquisa-se sempre o pulso carotídeo. Por este ser um pulso mais central, é mais fácil a sua apalpação. Para localizar o pulso carotídeo deve colocar dois dedos (indicador e o médio) na região da laringe (“maçã de Adão”) e deslizar os dedos ligeiramente para o exterior do pescoço, até encontrar o sulco entre a traqueia e o músculo esternocleidomastoideu.
Palpe suavemente, sem comprimir demasiado e pesquise a existência de pulso durante 10 segundos.

Na ausência de ventilação e circulação deve iniciar de imediato manobras de Suporta Básico de Via


Detecção de hemorragias externas graves:

Após ter verificado que a vítima tem pulso, deve continuar o exame primário. Observe a vítima e procure a existência de hemorragias externas graves. As hemorragias externas graves são fáceis de se detectar.
Uma hemorragia abundante vai colocar em risco imediato a vida da vítima, pelo que é importante proceder ao seu controlo imediato.



Detecção de sinais de hipovolémia:
A hipovolémia é a diminuição do volume sanguíneo em circulação. Pode ter várias causas pelo que se torna importante conhecer a sua origem. É importante saber que muitas vezes a hemorragia externa pode ser perceptível, pelo que se torna importante reparar na face da vítima buscando sinais como:

  • Palidez;
  • Sudorese (suores);

Se estiver presentes esses sinais, suspeite de hipovolémia e aplique de imediato os cuidados de emergência com vista a controlar ou minimizar a situação.


Todas as alterações encontradas no exame primário e que colocam em risco imediato a vida da vítima, devem ser resolvidas imediatamente e por ordem de prioridade.



Exame Secundário

Não comprometendo a vida da vítima em perigo, o exame secundário tem como objectivo de caracterizar a ventilação, o pulso e a pele.

Caracterização da ventilação:

Para caracterizar a ventilação é necessário avaliar:

  • A frequência, que corresponde ao número de ciclos por minuto (12 a 20 ciclos por minuto em adulto);

  • A amplitude, que pode ser superficial, normal ou profunda;

  • O ritmo, que pode ser regular ou irregular;

Caracterização do pulso:


Na caracterização do pulso é necessário avaliar:

  • A frequência, que corresponde ao número de pulsações por minuto (60-90 pulsações por minuto são os valores normais);

  • A amplitude, que pode ser cheio ou fino;
  • O ritmo, que pode ser regular ou irregular.

NOTA: Os dedos utilizados para palpar o pulso devem ser sempre o indicador e o médio. É importante também evitar comprimir excessivamente a artéria para não suprimir o pulso.



Caracterização da pele:
Na avaliação das características da pele é importante considerar:

  • Temperatura;
  • Coloração e a existência ou não de humidade;

A medição da temperatura faz-se através de um termómetro. De acordo com o valor encontrado considera-se:

  • Temperatura elevada ou hipertermia, se o valor for superior de 37.5ºC.
  • Temperatura normal ou apirético, se o valor estar entre os 35ºC e os 37.5ºC.
  • Temperatura abaixo do normal ou hipotermia, se o valor é inferior a 35.0º

Por fornecer um valor exacto, o método privilegiado de avaliação de temperatura é com o termómetro. No entanto, o tripulante pode avaliar rapidamente a temperatura de alguém de uma forma indirecta, através da comparação com a sua própria temperatura com a da vítima.
Embora este método seja rápido, este método não substitui a avaliação com o termómetro e deve ser utilizado de forma meramente indicativa.
A avaliação da coloração e humidade da pele faz-se através da observação das zonas expostas, nomeadamente da face e das mãos. O exame da pele pode revelar uma coloração que vai da palidez ao roxo, numa pele que pode estar seca ou suada.

2 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Bom trabalho. Simples e preciso. Útil não só pra socorristas mas também para as FSS.