terça-feira, 20 de maio de 2008

Capitulo IV - Perturbações do Estado de Consciência

Avaliação do grau de consciência


O grau de consciência é muito importante para avaliar o estado da vítima. Uma diminuição do grau de consciência é um sinal de agravamento do seu estado. O grau de consciência pode ir de uma ligeira confusão a um coma profundo, provocado por um traumatismo craniano (TCE), um envenenamento ou outra causa.
Quando um socorrista se aproxima da vítima, deve falar-lhe. Através de questões como: “o que é que se passou?”, “Onde é que lhe dói?”, “Como se chama?”, estimular à vítima para abrir os olhos ou apertar a mão, etc. Se a vítima não responder com nenhum estímulo pode considerar a vítima inconsciente.
O socorrista deve estar sempre atento ao grau de consciência da vítima pois este pode variar com o tempo.

Indicadores do estado de consciência



Uma vítima está consciente quando ela:
  • Abre os olhos espontaneamente;
  • Responde exactamente a uma questão precisa;
  • Sabe o seu nome, onde se encontra, o dia da semana;
  • Consegue ter uma conversa lúcida;
  • Seja capaz de gesticular gestos, salvo seja que a vítima tenha um ferimento na coluna que a impossibilite de executar alguns gestos.Indicadores do estado de inconsciência

Uma vítima está inconsciente quando:

  • Não abre os olhos;

  • Não responde às questões que são colocadas;

  • Não reage ao barulho, a estímulos dolorosos;

  • Respira com dificuldade, produzindo ruídos devido à obstrução das vias aéreas;

  • Não possui reflexos de segurança.

Desmaio

O desmaio (também conhecido por lipotímia ou síncope) é uma reacção súbita do sistema nervoso que provoca uma dilatação provisória dos vasos sanguíneos. Com isso há uma insuficiência temporária do sangue oxigenado no cérebro. É nesse momento, quando a quantidade do sangue diminui de forma brusca e súbita, que se produz o desmaio. Habitualmente, dura apenas alguns segundos, pois, logo que a vítima sucumbe, ela volta a encontrar-se em posição deitada e a circulação ao cérebro restabelece-se.

Causas do desmaio:

  • Fadiga;
  • Fome;
  • Estado de sobreexcitação;
  • Excesso de trabalho;
  • Mau arejamento do ambiente;
  • Ferimentos;
  • Choque emotivo;
  • Stress intenso;
  • Acidente;
  • Dor intensa;

Primeiros socorros à pessoa desfalecida ou desmaiada

Quando o desmaio está iminente, mande a vítima sentar-se, com a cabeça pendida (entre os joelhos), ou mande-a deitar ao comprido, com a cabeça repousando sobre o chão, a fim de aumentar o fornecimento de sangue ao cérebro.
Em caso de queda no desmaio tente amortecer a mesma para prevenir ferimentos na cabeça, pescoço, ou noutro sítio.
Verifique o estado de consciência da vítima, normalmente esta vem a si muito rapidamente, caso contrário considere a hipótese de a vítima estar num estado inconsciente.
Se a vítima estiver num ambiente favorável evite que esta se desloque logo a seguir a ter desmaiado, caso o ambiente seja desfavorável evacue a vítima o mais rapidamente possível desse local.
Proporcione à vítima uma posição confortável mas sem levantar a cabeça. Coloque em posição lateral de segurança caso esta esteja nauseada ou se as vias aéreas estejam comprometidas.
A vítima deve permanecer deitada durante 10 a 15 minutos depois de ter recuperado os sentidos, se a vítima se sentir bem, então pode então leva-la a beber água lentamente.

Normalmente, em caso de desmaio não se deve chamar de imediato os bombeiros. Contudo recorre-se a eles se:

  • Causa do desmaio não é evidente;
  • A vítima continue a sentir-se mal depois de ter recuperado os sentidos;
  • O desmaio acontece a uma pessoa idosa, precedido ou não de dores de cabeça violentas, ou a uma pessoa que tem antecedentes de problemas cardíacos;
  • O desmaio surge depois ou durante a prática de exercício físico intenso;
  • São observáveis sinais, tais como, convulsões ou uma incontinência durante o desmaio;
  • A vítima possui dificuldades respiratórias e possui também dores torácicas;
  • Duração do desmaio prolonga-se por mais de dois minutos;

Estado de Inconsciência

As causas do estado de inconsciência são numerosas e variadas:

  • Asfixia causada pela inalação de um gás tóxico;

  • Paragem respiratória na sequência de uma sufocação;

  • Ferimento na cabeça ou na coluna vertebral;

  • Envenenamento, incluindo a absorção de uma grande quantidade de álcool ou drogas;

  • Exposição excessiva ao calor ou ao frio;

  • Electrocussão;

  • Algumas doenças, tais como, uma crise cardíaca, um acidente vascular cerebral (AVC), uma crise de epilepsia, a diabetes (choque insulínico), uma reacção alérgica (choque anafilático), uma crise cardíaca;

  • Hemorragia que leva a um estado de choque;

Sinais do estado de inconsciência

  • Ausência de reacção aos estímulos (quando provoca a dor, os músculos podem contrair-se ligeiramente no sítio dolorido);
  • Respiração rápida (taquicardia), fraca, por vezes difícil por causa das secreções, que são abundantes quando o estado de inconsciência é profundo (a língua pode provocar uma paragem respiratória quando enquanto músculo relaxa para trás da garganta, se a vítima estiver deitada sobre as costas);
  • Pulsação rápida, fraca ou muito lenta;
  • Pele húmida, pálida e azulada;
  • Músculos relaxados, flácidos.

Posição lateral de segurança (P.L.S)

A posição lateral de segurança ajuda a desobstruir as vias respiratórias dos obstáculos naturais: secreções, vómitos, relaxamento da língua para trás da garganta.
Se detectarmos uma respiração e uma pulsação, e a vítima não apresentar riscos de fractura de coluna, então pomos a vítima em P.L.S

Nota: A P.L.S. todas as noite quando dormimos é adoptada pelo nosso corpo como forma de segurança.



Convulsões

As convulsões são uma série de contracções musculares bruscas e irregulares de uma parte ou de todo o corpo, seguidas de relaxamentos musculares, acompanhadas de escoamento de espuma (saliva) e de revolver os olhos.

Causas das convulsões

A epilepsia é a causa mais frequente de convulsões. Estas têm origem devido a descargas súbitas e invulgares de energia eléctrica no cérebro. A epilepsia não é uma doença, mas uma perturbação neurológica. Causas das convulsões:

  • Febre elevada, sobretudo em crianças de 1 a 4 anos, devido a uma doença infecciosa;
  • Intoxicação por via de fármacos;

  • Tétano;

  • Raiva;

  • Temor cerebral;

  • Traumatismo cerebral, um acidente vascular cerebral (AVC), uma paragem cardiorrespiratória;

  • Choque insulínico num diabético;

Os primeiros socorros a administrar em caso de crise de epilepsia

  • Estender confortavelmente a vítima sobre o soalho e desaperte-lhe as roupas no pescoço e na cintura;

  • Manter as vias respiratórias abertas, voltando suavemente a vítima para o lado para que a saliva possa sair;

  • Afastar da vítima todos os objectos que sejam perigosos;

  • Colocar alguma coisa mole por debaixo da cabeça para prevenir lesões;

  • Deixar a crise desenrolar-se normalmente. Ela irá durar entre 2 a 5 minutos e é impossível pará-la.

A maior parte das pessoas pensam que é preciso impedir que a vítima engula a língua e que o melhor meio para conseguir isso consiste em colocar um objecto entre os dentes. É impossível engolir a nossa própria língua e é extremamente importante que não se ponha nada na boca da vítima pois poderá a sufocar.

Devemos chamar os bombeiros quando:

  • Se tratar da primeira crise ou se a crise se prolongar por mais de 10 minutos;

  • Uma segunda crise sobrevier logo a seguir à primeira;

  • A vítima não retomar a consciência após a crise;

  • A vítima sofrer lesões importantes durante a crise;



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