terça-feira, 20 de maio de 2008

Capitulo V - Perturbações Respiratórias



Obstrução das Vias Aéreas
A obstrução da via aérea é uma emergência absoluta que se não for reconhecida e resolvida leva à morte em minutos.
Podem ocorrer três tipos de obstruções:
  • Obstrução Anatómica – É causada pela queda da língua quando a vítima está inconsciente.
  • Obstrução Patológica – Ocorre obstrução por edema dos tecidos da via aérea como por exemplo no caso de uma reacção alérgica, um cancro ou uma epiglotite.
  • Obstrução Mecânica – Esta obstrução resulta de uma causa “extrínseca” à via aérea – alimentos, sangue ou vómito. Qualquer objecto sólido, pode funcionar como corpo estranho e causar obstrução da via aérea.

A obstrução da via aérea, por corpo estranho, ocorre habitualmente durante as refeições, com os alimentos, e está frequentemente associada a alcoolismo ou tentativa de se engolir pedaços de comida grandes e mal mastigados. Quando a obstrução ocorre num local público é frequentemente confundida com um ataque cardíaco.
É importante distinguir a obstrução da via aérea de outras situações dado que a abordagem é diferente. Na obstrução da mecânica, existem várias manobras que podem ser efectuadas com o objectivo de resolver a obstrução e que caso sejam bem sucedidas podem evitar a paragem respiratória.

Classificação da Obstrução Mecânica
A obstrução da via aérea por corpo pode ser total ou parcial.

  • Obstrução Parcial – a vítima começa a tossir, ainda consegue falar e pode fazer algum ruído ao respirar. A vítima pode apresentar uma tosse ineficaz, estridor (ruído agudo durante a fase de inspiração), dificuldade respiratória e cianose.
  • Obstrução Total – a vítima não consegue falar, tossir ou respirar. Poderá demonstrar grande aflição e ansiedade e agarrar o pescoço com as duas mãos. Não há qualquer ruído respiratório dado que não há entrada nem saída de ar. É necessário actuar rapidamente, para que a vítima não fique inconsciente.


Actuação numa vítima consciente

Várias manobras têm sido descritas para resolver a obstrução total da via aérea, considerando-se, actualmente que se deve começar por tentar a desobstrução da via aérea com aplicação de pancadas interscapulares e, no caso de insucesso, tentar então compressões abdominais ou a manobra de Heimlich.
Enquanto a vítima respira e conseguir tossir, de forma eficaz o reanimador não deve interferir, devendo apenas encorajar a tosse e vigiar se a obstrução é ou não resolvida e se a tosse continua a ser eficaz. Se a vitima consciente apresenta uma tosse ineficaz, incapaz de falar ou respirar proceda de imediato à aplicação de pancadas interescapulares.
Caso a obstrução não for resolvida com a aplicação das pancadas interescapulares passe à aplicação de compressões abdominais – Manobra de Heimlich – manobra que causa uma elevação do diafragma e aumenta a pressão nas vias aéreas, com a qual se consegue uma espécie de tosse artificial, forçando o objecto a sair. Esta manobra também pode ser executada pela própria vítima no caso de se encontrar sozinha.
A manobra de Heimlich só deve ser aplicada a vítimas de obstrução da via aérea conscientes. Existem, no entanto duas excepções às quais não deve ser aplicada a manobra de Heimlich: as grávidas no final da gravidez e as vítimas francamente obesas. Nestas duas situações aplica-se a técnica de compressões torácicas.

Pancadas Interscapulares

  • Colocar-se ao lado da vítima e ligeiramente por detrás da vítima.

  • Suportar o corpo da vítima ao nível do tórax com uma mão, mantendo-a inclinada para a frente numa posição tal que se algum objecto for deslocado com as pancadas possa sair livremente pela boca.
  • Aplicar até 5 pancadas interescapulares, na parte superior das costas a meio das omoplatas.
  • Cada pancada deve ser efectuada com a força adequada tendo como objectivo resolver a obstrução.
  • Após cada pancada deve verificar-se a obstrução foi ou não resolvida, aplicando 5 pancadas no total.


Técnica para execução da manobra de Heimlich

  • Colocar-se por detrás da vítima;
  • Colocar os braços à volta da vítima ao nível da cintura;

  • Fechar uma das mãos, em punho, e colocar a mão com o polegar encostado ao abdómen da vítima, na linha média um pouco acima do umbigo e bem afastada do apêndice xifóide;

  • Com a outra mão, agarrar o punho da colocada anteriormente e puxar, com um movimento rápido e vigoroso, para dentro e para cima na direcção do reanimador.

  • Cada compressão deve ser um movimento claramente separado do anterior e efectuado com a intenção de resolver a obstrução.

  • Repetir as compressões abdominais até 5 vezes, vigiando sempre se ocorre ou não resolução da obstrução e o estado de consciência da vítima.














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