terça-feira, 20 de maio de 2008

Capitulo XIV - O Parto

Nos nossos dias, a maior parte dos bebés, no Quebeque, nascem num centro hospitalar. Todavia, desde 1993, o Ministério dos Assuntos Sociais autoriza parteiras qualificadas a proceder ao parto em casa ou bem centros reconhecidos para o efeito. Todavia, podem surgir situações de urgência: o afastamento de um centro especializado, desenrolar demasiado rápido das fases que precedem o parto ou o nascimento prematuro. Há também a possibilidade de não haver tempo para que a grávida seja deslocada até ao cuidados de saúde, caso isso aconteça o socorrista deve proceder ao parto.
O parto é um acto fisiológico natural. A maioria dos nascimentos desenrola-se normalmente e não ameaça nem a vida da mãe nem a da criança. É importante lembrar que só a mãe sabe qual será o momento exacto do nascimento, o socorrista está lá mas não lhe compete a ele acelerar ou retardar esse acontecimento. Por essa razão tem de se respeitar as fases do parto sem intervir directamente com o bebé.
Em seguida administrará os primeiros socorros ao recém-nascido. Lembremos algumas noções de anatomofisiologia que permitirão compreender melhor o processo do parto:


  • O feto desenvolve-se no útero dentro de um invólucro chamado amniótico.

  • A placenta é um órgão de cor vermelho escuro, de superfície irregular de um lado e cinzento azulado do outro. Mede 20cm de diâmetro e tem 2,5 a 5 cm de espessura.

  • O colo do útero é uma abertura que está à disposição do feto para passar pela vagina e nascer. Em seguida, ligados ao cordão umbilical, sairão o saco amniótico e a placenta.

    Corpo humano feminino

A preparação


O socorrista que toma em mãos a responsabilidade da situação deve manter a calma e tranquilizar a mãe. Às pessoas presentes pedir-lhes-á para trazerem o seguinte material:



  • Um revestimento de plástico para proteger o local (sofá, banco do automóvel etc.);

  • Um cobertor para absorver o líquido amniótico;

  • Toalhas, cobertores limpos;

  • Um cobertor limpo e quente para colocar o bebé imediatamente após ao seu nascimento;

  • Um recipiente como por exemplo um saco plástico para colocar a placenta;

  • Um atilho, uma fita para ligar o cordão umbilical;

  • Uma tesoura;

É importante lavar bem as mãos antes de iniciar e ser o mais limpo possível, tanto com o material como no arranjo do ambiente.
Se duas ou três pessoas estiverem presentes três, uma assiste o socorrista e a outra, de preferência juntamente, senta-se junto da mãe para a tranquilizar, para a encorajar e lhe dizer com frequência para respirar lentamente.
Para afastara a tensão das dores, pede-se à mãe para manter os olhos abertos, para fixar um objecto de um modo particular (ponto de concentração).
Na medida do possível, criar-se-á uma certa intimidade, afastando as pessoas não necessárias.


As fases do Parto


Primeira fase


A primeira fase inicia-se no momento da contracção e térmita quando o colo do útero fica completamente dilatado.
Uma contracção apresenta-se como uma dor no baixo-ventre ou na região lombar, que dura 45 a 60 segundos. Essa contracção é seguida de um relaxamento de 2 a 3 minutos.
Habitualmente, quando as primeiras contracções aparecem, há ainda tempo suficiente para transportar a mãe a um centro hospitalar. Essas contracções são breves e muito espaçadas. Depois intensificam-se gradualmente no tempo e em duração até à dilatação completa do colo do útero. No inicio das contracções, no decurso ou cerca do fim dessa fase, a parte inferior do saco amniótica (bolsa das águas) rompe-se, deixando correr o líquido pela vagina, cerca da 250 ml a 300 ml sob a forma de corrimento contínuo ou brusco, por vezes acompanhado de um pouco de sangue e de muco.
A pessoa que estiver perto da mãe deve tranquiliza-la entre as contracções podendo refrescá-la com um pano branco húmido.


A posição a dar a mãe:


Pede-se à mãe para tirar todas as roupas que possam prejudicar a expulsão do feto. Tapamo-la com uma túnica ampla ou com um lençol. Depois, adoptará a posição que ache mais confortável para ela. Um ou dois travesseiros ou almofadas podem ser colocados debaixo dos ombros e da cabeça. Os joelhos ficam dobrados e as pernas afastadas. A pessoa que tranquilizar a mãe pode colocar-se atrás das suas costas e mantê-la nesse disposição de expulsão.



A segunda fase


A segunda fase é a do nascimento do bebé, durando habitualmente uma hora para um primeiro bebé e 30 a 45 minutos, para os bebés seguintes.
A maior parte dos bebés apresentam um primeiro lugar a cabeça. Ocasionalmente, o bebé poderá apresentar primeiramente o rabinho ou um membro. Se for o caso, necessária e urgente a presença de um médico.
Durante esta fase, a mãe pode sentir necessidade de esvaziar os seus intestinos. Se isso acontecer, será necessário limpa-la imediatamente para proteger o bebé. Esse sinal significa que o bebé esta com dificuldades em nascer. Depois, a cabeça começa a aparecer a nível da vulva a cada contracção. Deve-se encorajar a mãe a respirar rapidamente pela boca e a dominar os esforços de expulsão para evitar uma saída demasiado rápida da cabeça do bebé.
Logo que a cabeça apareça na vulva, deve assegurar-se de que a membrana amniótica se rompe. De contrário, rasgue-a delicadamente com os dedos antes da saída do bebé e tire a membrana em frente do nariz e da boca do bebé.
Depois coloque a sua mão dominante sobre a cabeça do bebé exercendo uma pressão muito ligeira com a palma da mão. Essa manobra guia o bebé para o exterior da vagina. Duas ou três contracções podem ser necessárias para a libertação completa da cabeça, a partir do seu aparecimento na vulva. A cabeça aparece normalmente com a face virada para baixo e ligeiramente inclinada para a direita ou para a esquerda.
Uma vez saída a cabeça, encoraje a mãe nos seus esforços de expulsão. Depois, verifique se o seu cordão umbilical, que se assemelha a um a corda gelatinosa, espessa e lisa, está enrolado a volta do pescoço do bebé. Se for o caso, tente desapertá-lo delicadamente por cima da cabeça do bebé.
Em seguida, continuando sempre a segurar a cabeça, ampare o corpo, até que ele saia completamente.
Habitualmente, não se corta o cordão logo a seguir a saída da placenta. Todavia, o socorrista procede ao encerramento do cordão atando-o com uma fita limpa, a uma distância de 15 a 30 cm do abdómen do bebé.
Se os serviços de urgência não estiverem acessíveis em menos de 12 horas, o socorrista pode também considerar a possibilidade de cortar o cordão. Num primeiro tempo, atar ou laquear em dois lugares afastados de 5 a 10 cm e uma distância de 15 a 30 cm do abdómen do bebé. Depois cortar o cordão entre as duas ligaduras com uma tesoura limpa. Verifique, em seguida, se há hemorragia na extremidade do cordão atado ao bebé e exerça uma compressão local, se for caso disso.



Os primeiros socorros a administrarem a mãe


Muitas vezes, após o parto, podem surgir arrepios acompanhados de tremores incontroláveis, o que trás a mãe um certo desconforto e, por vezes, a torna apreensiva. Porém, esses sintomas desaparecem espontaneamente passados 15 minutos e não apresentam qualquer perigo. A fim de prevenir e tratar esse fenómeno, devemos tapar a mãe com um cobertor e com um lençol quente e evitar-se-ão as correntes de ar.
Após a expulsão da placenta, a mãe deve estender a pernas. Verifique se a pele do períneo está rasgada perto da vagina. Se houver feridas com hemorragia sanguínea, exerça uma compressão local e coloque uma toalha nesse lugar. Se a hemorragia for significativa, tape a mãe e continue a massajar o abdómen.
A mãe, o bebé e a placenta estão agora em condições de serem transportados para um centro hospitalar. Enquanto espera os serviços de urgência, friccione firmemente o útero com a palma da mão fazendo movimentos circulares. Esse movimento fortalecê-lo-á, diminuindo ao mesmo tempo a hemorragia.
Se a mãe manifestar desejo de alimentar o seu filho facilite-lhe a tarefa, instalando-a confortavelmente. Devemo-nos assegurar que o nariz da criança está completamente desobstruído. Ao amar o bebé estimula os seios. Esse processo provoca contracções do útero e a diminuição da hemorragia do mesmo, facilitando ao mesmo tempo o contacto da mãe e do filho.


Os primeiros socorros ao Bebé


A respiração do bebé


A pessoa que ajuda o socorrista ou a que se mantém perto da mãe deverá ocupar-se do bebé, lavando o rosto, a boca e o nariz do recém-nascido. Deve-se, portanto, vigiar particularmente para que se mantenha o nariz bem desobstruído.
Depois coloca o bebé de forma que a sua cabeça esteja mais baixa que o resto do corpo. Essa precaução vai facilitar o escorrimento do líquido ou do muco pela boca e pelo nariz e manterá as vias respiratórias libertas.
Se o bebé não respirar em menos de um minuto após o nascimento, procede imediatamente a desobstrução das vias respiratórias, dando pequenas palmadas nas cotas e recorrendo à respiração boca a boca, se for necessário.


O calor corporal do bebé


É muito importante manter o bebé num ambiente quente. Limpe-o com uma toalha ou um lençol limpo e quente, depois tape-o com um cobertor também quente.
O bebé deve ser colocado imediatamente sobre o abdómen da mãe, em posição ventral, com a cabeça inclinada para o lado e entre os dois seios.

A Terceira fase
A terceira fase vai desde o nascimento do bebé até a expulsão da placenta. Em contrapartida o socorrista pode massajar com firmeza o abdómen da mãe com a palma da mão para facilitar a expulsão da placenta.
A placenta sai habitualmente nos 20 minutos após ao parto. Se não sair, pede-se a mãe para fazer esforço como se fosse a casa de banho.
Quando a placenta tiver saído, envolva-a numa toalha limpa e guarde –a para momentos mais tarde poder –se constatar que não ficou nenhum resíduo no útero. Qualquer membrana que permaneça no útero pode causar uma hemorragia ou uma infecção.

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